segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

O lugar ideal


Esse negócio de escolher o lugar que vai sentar já na bilheteria do cinema não é um bom negócio. Sempre escolho um lugar e na hora de sentar acho que não foi uma boa escolha. Sempre penso que poderia ter sido uma fileira atrás, um pouco mais centralizada...

Gostava daquela sensação de entrar no cinema meio afoita para pegar o melhor lugar. E nunca o primeiro lugar escolhido era o ideal, então eu ia testando uma cadeira ao lado, na fileira de baixo, e assim até encontrar a cadeira que realmente tivesse me deixado confortável para ver aquele filme. E nem todo filme pede o mesmo lugar.

Eu, por exemplo, tenho por costume nunca escolher uma cadeira em que tenha alguém nos lados e principalmente na frente. E quando se escolhe a cadeira na bilheteria e senta bem na sua frente um cabeçudo? Gosto de ter a visão livre, de repente me dá vontade de colocar o pé nao encosto ,e aí como é que eu faço?

Já teve uma vez que escolhi o lugar na bilheteria e quando entrei, vi que estava muito perto do telão, resolvi mudar. Era uma seção pouco concorrida, dia de semana, muita coincidência alguém ter comprado justo aquela cadeira que tinha trocado. E não é que veio um coroa e me fez sair de lá? PQP.

Agora fico constrangida de sentar em outro lugar enquanto o filme não começa e eu tenha a certeza de que todos já ocuparam seus lugares. Mas também ficar mudando de lugar no meio do filme é um saco, então acabo vendo o filme mal acomodada mesmo, na maioria das vezes.

Dessa vez escolhi a fileira F, cadeira 8. Não é o ideal ainda. Tô tentando decorar a melhor opção. A fileira ideal é a G, cadeiras 9, 10 ou 11. Da próxima vez eu acerto!

PS1: O filme? Vicky Cristina Barcelona. Muito bom, Woody Allen tá cada vez melhor.

PS2: O combo de pipoca e refri é mais caro que a meia entrada no final de semana. 10 reais. Um absurdo!

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Se colar, colou

Malandro tentando a sorte em Copacabana.

- Moça, me arruma 50 reais.

- Rá, arruma pra dois.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Diva


Não sei já disse isso aqui, mas meu grande sonho sempre foi ter nascido com aquele vozeirão de mulher negra que canta no Coral da Igreja.

Lembro de ainda muito pequena planejar como seria meu futuro para depois socializar a idéia com mãe e tias e virar folclore na família.

O plano era que quando eu crescesse iria:

• Fumar - achava muito chique a mulher segurando o cigarro, achava ousado e moderno. Imagine, hoje chego a ser uma daquelas chatas qu abanam a fumaça de quem fuma por perto.
• Teria filhos, mas não ia casar - sempre ouvia as mulheres falarem mal dos maridos, que homem é um saco e tal. Mas filhos eu não ia abrir mão de ter...
• Seria cantora -não sei explicar porque, mas toda cantora é diva, né? Eu já devia ter percebido isso e até hoje lamento profundamente não ter talento pra coisa.

Isso tudo porque estava ouvindo Nina Simone deu uma inveja danada daquela voz.

Celebremos então à inocência da infância ou a inveja positiva ou aos talentos que não nos foram dados ou ao que achar melhor:

http://br.youtube.com/watch?v=soczC9mDcAY&feature=related

Pelo menos my baby just cares for me!

domingo, 19 de outubro de 2008

Pausa


Silêncio por favor
Enquanto esqueço um pouco
a dor no peito
Não diga nada
sobre meus defeitos
Eu não me lembro mais
quem me deixou assim
Hoje eu quero apenas
Uma pausa de mil compassos

Para ver as meninas - Paulinho da Viola
Por que hoje, se eu fosse capaz, eu também faria um samba sobre o infinito.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A louca do espelho


Dentro do espelho aquela imagem me sorri
Ali dentro deve habitar uma louca
Seus olhos desmentem a intenção da sua boca

Ela sorri,
Ela tenta intimidar as lágrimas
que estão prestes a cair


Sorria, louca!
É o que te resta
Já que o medo de sofrer
Imobiliza teus atos

Saiba, porém, que estarás
Sempre condenada a refletir
Esta falsa imagem
Que te sorri

Pois o espelho mente
ele não consegue captar
o que tua alma
Deveras sente.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Enquanto isso


Não corro há séculos, chego até a arrepiar só de pensar em colocar um tênis e caminhar até o calçadão. Aliás, morando a um quarteirão da praia, faz uma data que não vejo a cor do mar. Tenho dado graças a Deus ao dias chuvosos e frios, que justificam por si só minha inércia. E nem dor na consciência tenho tido.

Tenho comido mal, tanta besteira, rodízio de pizza ou de carne é toda semana. Tenho sentido necessidade de comer um docinho como nunca. Refrigerante, coisa que nunca dei muita importância, tô quase viciada.

O resultado é claro, evidente, todo mundo pode ver. Tô engordando. Mas como me recuso a subir numa balança num sei quanto, e enquanto minhas roupas, apesar de um pouco atochadas, ainda me servirem acho que não vou me desesperar.

O curioso é que daqui a menos de um mês, estarei completando 29 anos, quase 30 minha gente!!! E eu que sempre tive uma certa preocupação em me manter bem (mais ou menos), estou cada vez menos desencanada. Não que eu não me preocupe, mas é que parece que estou envelhecendo menos paranóica com a estética e com todos esses padrões impostos pela cultura da mídia (hahaha, acabei de estudar pra prova de mestrado e estou cheia de conceitos da teoria da comunicação na cabeça, doida pra colocá-los em prática). Antigamente, lia todas aqueles revistas femininas com dietas para perder 5 quilos e receitas para ter o bumbum durinho em uma semana. Hoje em dia, morro de rir dessas revistas, acho tudo isso uma bobagem. E cada semana aparece um novo milagre para conquistar a aparência perfeita.

Confesso que o que mais tem passado na minha cabeça, enquanto devoro uma fatia de quindin (tem um maravilhoso no supermercado em frente a meu prédio), é envelhecer bem. Não quero ser uma daquelas velhinhas toda torta, curvada, que mal consegue se locomover. Tenho a total certeza de muito do que você é quando tem 60, 70 anos, depende de como a gente se comportou na juventude. Claro que existem as fatalidades, as doenças genéticas, mas muito vai depender da gente mesmo. E eu não sou daquelas pessoas que dizem que querem morrer cedo. Eu quero morrer velha, mas desde que tenha uma velhice boa, saudável.

Tenho certeza que todos os meus implulsos de me jogar no mundo vão desembocar em um único projeto fim, de dar adeus às luzes da cidade grande e me enfiar no meio do mato, numa casinha simples, colonial, com uma varanda grande onde vou passar as noites contado estrelas cadentes (ah, quantas estrelas cadentes já contei no o céu de Valença). Vou reunir meus netinhos nos finais de semana, fazer doces e guloseimas, costurar roupinhas fashions para as crianças, reunir os filhos no almoço de domingo, cuidar do jardim, da horta, pegar fruta no pé, ler muito, ver filmes, navegar na internet (vou ser uma velinha hightech, viu!). E quando a coisas ficarem meio monótonas, me inscrevo em alguma excurção junto com minhas amigas da terceira idade para alguma dessas cidades de águas termais.
Quando passar essa fase indolente que estou passando, e acho que a pressão dos 30 vai fazer passar, volto a correr, a fazer ioga ou alongamento (é o máximo que consigo) e a comer melhor. Mas até lá, e enquanto minha bunda ainda dá sinais de resistência à gravidade, vou ficar quietinha, me deliciando com o quindin e tomando refrigerante sempre que der vontade, e o melhor, sem um pingo de dor na consciência.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008




quarta-feira, 17 de setembro de 2008

E a Ju casou...

Foi lindo!

A catedral cheia.

A noiva deslumbrante com seu buquê de rosas vermelhas (bem a cara dela).

A festa bombou.

Música boa.

Bebida aos baldes.

Amigos de várias épocas reunidos.

Pena que durou cinco minutos.

Sabe como é? Muito prosecco na mente.

Se não fosse uma das madrinhas a atrasar...

Chegar na Igreja depois da noiva, que esperava no carro.

Os outros casais de padrinhos já formados em fila na escadaria há uns 10 minutos.

O noivo já querendo substituir a atrasada.

Te dou um doce se advinhar quem foi...

Mas como em toda história de amor, deu tudo certo no final.

E viveram todos felizes para sempre.

sábado, 6 de setembro de 2008

Pé da cama

Quando eu era criança, existiu um tempo em que eu tinha pesadelo todas as noites. Eram tubarões, bruxa da branca de neve, quedas de precipícios, fantasmas e todos esses simbolismos infanto-terroristas que fazem qualquer criança fazer xixi na cama.

Abro um parênteses aqui para dizer que eu nunca fui criança de fazer xixi na cama, mesmo quando sonhava que estava sentada na privada, eu acordava na hora que o xixi ia sair e dava tempo de correr para o banheiro, minha mãe diz que com 2 anos parei de fazer xixi nas calças e nunca mais precisei usar fraldas, enquanto que minha irmã mais velha fazia xixi na cama até mais ou menos os 15 anos (ela que não me leia).

Para, então, escapar dos pesadelos noturnos, criei alguns subterfúgios. O primeiro, de cunho preventivo, era rezar toda noite, lembro de não esquecer de rezar justamente para não correr o risco de ter pesadelos. Então eu entoava assim: Menino Jesus venha para mim, faça de mim uma boa criança, meu coração tão pequenino cabe somente Jesus menino. Depois disso, vinha o momento principal da oração, eu pedia: Ai meu Deus, por favor, faça que eu não tenha pesadelo esta noite e que eu durma com os anjos. Amém.

Bom, acontecia de algumas vezes essa oração tão espontânea e desinteressada não funcionar e eu acordava no meio da madrugada me pelando de medo. Criança corajosa que eu era (eu era daquelas que metia porrada nos meninos e ninguém nunca me pegava no polícia e ladrão) fazia um esforço para continuar na cama e voltar a dormir, mas sempre que fechava os olhos, voltava o pesadelo. Não tinha jeito, tinha que recorrer ao meu outro subterfúgio que era dormir com minha mãe. E era batata! Era só chegar lá e bastava abraçar os pés dela, só os pés!, (eu dormia no pé da cama entre ela e meu pai) que eu voltava a dormir tranquilamente. Eu achava impressionante como os fantasmas não conheciam o caminho do quarto da minha mãe.

Hoje, deixo a tv ligada, quase sem som para a luzinha azulada espantar os fantasmas. Não tem adiantado muito e o que eu queria mesmo era dormir abraçadinha no pé da minha mãe. Já faz um tempinho que não vou a Valença e há muito tempo não me sinto tão ansiosa para voltar. Talvez porque eu saiba que os fantasmas não conhecem o caminho que leva até lá.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Perto do osso


sossegue coração
ainda não é agora

a confusão prossegue
sonhos afora

calma calma
logo mais a gente goza

perto do osso
a carne é mais gostosa

P. Leminski

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Programa de sábado à noite

Sábado fui ao shopping. Coisa rara. É estranho eu sei, apesar de adorar roupas, sapatos e afins, detesto shopping. Sempre que vou, vou com um objetivo bastante claro: comprar determinado objeto de consumo em determinada loja para determinada ocasião. Jamais para passear, pegar um cinema (odeio cinema de shopping), numa noite de sábado com o namorado.

Mas neste sábado eu fui. Uma amiga indicou pro Vitu um rodízio de japonês e chinês por um preço ótemo e o restaurante era no Rio Sul. Viciadinhos que estamos, fomos lá. Bom, o restaurante não era grande coisa e o preço nem era assim, ótemo. Razoável, eu diria. Enchemos a pança e não teve outra solução: dar uma voltinha no shopping em pleno sábado à noite para fazer a digestão.

Entramos na Saraiva e para minha surpresa, pois dizem que brasileiro não lê, a livraria tava bem cheia, até meio confusa para meu gosto destesto-pessear-sábado-à-noite-no-shopping.

Na seção de revista, alguma capa me chamou atenção e consegui me aproximar com alguma dificuldade devido ao grande número de pessoas, que assim como eu, estavam afim de dar uma atualizada nas notícias a lá 0800.

Estou eu lá folheando aleatoriamente uma revista que não me lembro o nome, quando percebi o quanto o que a pessoa lê diz a respeito dela. Uma moça toda afobada chegou me pedindo licença e esticou a mão e pegou rapidamente uma revista chamada alguma coisa tipo: “Tudo sobre acabar com a barriga em 10 dias”. Não consegui me controlar e tive que conferir, a moça tava realmente com uma barriga, que se eu não tivesse percebido a preocupação dela em eliminá-la, teria achado que estava grávida. Talvez ela tenha acabo de ter um filho, pensei.

Continuo folheando já outra revista, quando encosta um homem do meu lado, mas encosta mesmo, cheguei até a chegar pro lado achando que poderia estar atrapalhando ele a pegar sua revista, mas o homem chegou ainda mais perto e continuou parado do meu lado. Quando olhei pra ele com cara feia prestes a abandonar minha leitura e sair dali resmungando, o cara começa a gritar e abanar os braços: “Cadê a Veja! Cadê a Veja!!!!”. Foi quando percebi que não se tratava de um tarado, mas de alguém com algum tipo de retardo mental. Ele era pirado mesmo, maluco beleza. Achou a Veja e saiu com ela tranquilo debaixo do braço. Aí tive a certeza de que o que as pessoas lêem diz muito sobre elas.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Go Back

Saindo ontem do Rio Sul e entrando no túnel subterrâneo pra pegar o ônibus do outro lado da avenida para Copacabana, vi que vai ter show do Fito Paes no Canecão (ah, Canecão, você não é mais o mesmo, mas ainda mostra a que veio, como neste caso) e as participações, então, são ótimas. Lembro agora de Ana Cañas e Milton Nascimento (já vale).

Comentei então "que máximo!! Fito Paes é muito bom", mas o Vitu não conhecia. Tentei puxá-lo pela memória, "lembra do Cd acústico do Titãs, ele cantava aquela música: Aunque me llames, aunque vayamos al cine... em espanhol, ele é argentino, lembra?". "Não lembro não". "Ah, você devia ser pirralho na época". Ele é 1 ano 11 meses e 11 dias mais novo, contamos. Número kabalístico, rola até jogar no bicho.

Bom, o fato é que a primeira vez que ouvi e vi Fito Paes foi por ocasião do CD/DVD Acústico do Titãs. 1997. Eu tinha 17 anos e era justamente nesta época, agosto, em que o CD não saia da minha "vitrola".

Lembro da época porque foi minha trilha sonora da festa da Glória daquele ano (não é a festa de aniversário de nenhuma amiga, mas a festa da Padroeira de Valença, e a gente tem tanta intimidade com ela que dispensamos o "Nossa Senhora"). E quem é da terrinha sabe o que isso significa, Festa da Glória é o evento. Ainda mais há 11 anos atrás (as más linguas dizem que a festa já não é mais a mesma).

Para se ter uma idéia, assim que começavam as festividades, minha mãe sempre recomendava; "Cuidado com o cheirinho da loló, hein?", e não dava outra, toda festa da Glória tinha o tal do cheirinho da loló. Fazer o quê, era uma tradição.

Os primeiros porres de caip fruta foram entre a semana do dia 9 a 15 de agosto, depois vieram os porres de capeta. Uma vez fui ao banheiro carregando um copo do danado e tive a brilhante idéia de colocá-lo na mureta que separa um vaso sanitário do outro, quando acabei não achei meu copo, como estava mais pra lá do que pra cá pensei , fiquei na dúvida se tinha ido com o copo, mas quando saio do banheiro, dou de cara com uma menina encharcada da cabeça aos pés do líquido achocolatado. Ela era até simpática comigo, depois do evento nunca mais olhou na minha cara, com razão.

Muitos primeiros beijos na boca foram dados numa das ruas adjacentes à Catedral. E quantas vezes ficávamos sentados na escadaria da igreja até o dia clarear, falando nada com nada e rindo de tudo e todos (adolescente tem licença poética para o deboche). E estávamos sempre juntos, em bando. Era tão bom.

Fito Paes me lembrou uma época, com seus cheiros, gostos e sensações, que é um pouco a função da música, não é? Minha música preferida no Cd é Go Back, justamente por causa do Fito (o arranjo da música também é maravilhoso, como todos do Cd).

Escuta aí e vê se quando o Fito canta sozinho num dá até uma dorzinha no coração. Eu sempre coloco a mão no peito quando ele canta: "Y no te voy a decir si fue lo mejoooor, pueeees"

Clica aqui:
http://br.youtube.com/watch?v=9MzeJLs6yj0

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Sorte

-Tem um trocado aí, tia?
-Num tenho.
-Boa sorte.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Cowboy

Virou o terceiro cowboy e estava pronto para encarar a enorme solidão que todas as noites o esperava deitada em sua cama.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Dia ganho

Depois de um dia inteiro virando cimento, chegou em casa, comeu seu feijão com arroz e farinha, pediu um trago da mesma cachaça, que ela trouxe com aquele sorriso largo, e tava ganho seu dia.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

A favela não sai de você



E depois de algum tempo, eu voltei pra favela.
Tenho uma teoria (ou será que não é minha?) que diz: você pode até sair da favela, mas a favela não sai de você. E eu gosto muito daquela muvuca.
Voltei a fazer umas fotos bonitas de crianças, (passei muito tempo fotografando as crianças das ONGs que trabalhei) e eu adoro fotografar crianças. Além das fotos dificilmente sairem feias, o que me ajuda bastante, o melhor é a cumplicidade que se cria depois do clic. Um sorriso, uma piscadela, um "deixa eu ver como ficou, tia", um abraço.
O menino soltando pipa na lage soltou um sorriso e estendeu o dedão em ok. As duas meninas na casa ao lado ficaram tão felizes que vieram pedir pra eu tirar outra, dessa vez mostrando umas fotos que tinham tirado, todas orgulhosas.
Foi então que percebi que essas meninas estavam sozinhas em casa. Domingo, uma hora da tarde, comiam um pedaço de frango sentadas na varandinha da sua casa. Deviam ter 9 e 6 anos. Daqui a pouco elas apareceram com um balde cheio e começam a estender no varal as roupinhas que deviam ter acabado de lavar.
Não me contive, e como a fotografia já me tornara "amiga", tomei a liberdade de perguntar: Vocês estão sozinhas? Sim elas estavam, a mãe tava trabalhando numa padaria em Jacarepaguá. E a mãe não era nenhum monstro, ela precisava trabalhar, só isso. Essa é a realidade de milhares de famílias destes espaços, onde normalmente a mulher é a chefe de família e as crianças aprendem desde cedo a cuidar umas das outras.
Só no final do dia vi essas meninas fazendo algum tipo de travessura. Jogavam água de cima da varanda-sacada. Afinal, ninguém é de ferro, e eu nessa idade, já teria colocado fogo na casa.
Antes de ir embora, umas oito e meia da noite, fui me despedir e elas entenderam a minha preocupação. Sorriram e acenaram.
Torci para que a mãe não demorasse muito a chegar.

domingo, 3 de agosto de 2008

Before I get my gorgeous wings

A BORBOLETA simboliza a alma, o renascimento e a imortalidade.
A metamorfose de seu ovo para lagarta e depois para crisálida e borboleta indica as etapas da alma para a iluminação.
No Japão, a borboleta está associada à mulher. Duas borboletas significam felicidade a dois.
Uma crença popular da Antiguidade greco-romana dava à alma que deixa o corpo, a forma de uma borboleta.
Nos afrescos de Pompéia, Psique é representada como uma menininha alada, semelhante a uma borboleta. Entre os astecas, a borboleta é um símbolo da alma, ou do sopro vital, que escapa da boca agonizante.
Uma borboleta brincando entre flores representa a alma de um guerreiro caído nos campos de batalha. Os guerreiros mortos acompanhavam o Sol até o meio-dia; em seguida, eles desciam de volta a terra sob a forma de borboletas.
No mundo sino-vietnamita, a borboleta simboliza a longevidade e também o outono.
Um outro simbolismo da borboleta é baseado na sua metamorfose e vontade de mudança: o casulo é o ovo que contém a potencialidade do ser; sair do ovo é como renascer para a vida.
A MUDANÇA… O poder da borboleta é como o ar, é a habilidade de conhecer a mente e de mudá-la, é a arte da transformação… A gente deve observar a nossa posição na vida e, como a borboleta, nós sempre estamos em algum estágio:
Primeiro estágio - é onde a idéia nasce, mas ainda não é uma realidade, é o estágio do ovo, o ponto de criação de uma idéia.
Segundo estágio – da larva, onde temos que tomar uma decisão.
Terceiro estágio – do casulo, é o desenvolvimento do projeto, é fazer para realizar.
Estágio final – é o da transformação, é deixar o casulo e voar, é a realização! Percebendo onde estamos, podemos continuar. Use o ar e os poderes mentais. Tenha clareza mental e procure organizar um projeto, assim, você subirá o próximo degrau de sua vida!
A principal mensagem é:“Criar, transformar, mudar e ter coragem para aceitar!”




Do blog “eu não uso relógio“, da Érica Franzon




Sempre gostei dessa idéia de transformação, de revolução mesmo, contida na história da borboleta. A larva que se recolhe no casulo para adquirir asas e cores se libertando da sua condição rasteira.




E coincidentemente, tenho escutado Joni Mitchel em looping e tenho pensado muito na frase, que sempre me impressionou muito, de The last time I so Richard: "Only a dark cocoon before I get my gorgeous wings and fly away".

domingo, 27 de julho de 2008

O convite

É a segunda grande amiga que se casa. E será minha segunda vez como madrinha.
O curioso é que às vésperas do casamento (será em setembro) eu não tinha certeza se eu era madrinha ou não.
Explico. Lembro de a Ju falar de que quando ela casasse, eu, fulana e fulana seríamos as madrinhas. Ok. Mas o casamento ainda era um desses projetos futuros ainda no plano do desejo e da imaginação. Nada concreto.
Pois bem, mas não é que ela ficou noiva, começou a organizar os preparativos da festa, provando os bem-casados, definindo vestido, o tempo passando e eu sem saber se era ou não madrinha.
Na verdade, já estava achando que nem seria mais. Tudo bem, não dá pra todas as amigas serem, e na época do noivado a gente devia estar meio distante, sei lá, de repente foi isso.
Mas no fundo, lá no fundinho, eu tava achando meio esquisito. Como que a Juliana que já fez xixi no sofá lá de casa e botou a culpa na cachorra, a mesma que ficou agarrada em cima do portão da minha avó enquanto eu pirava de rir embaixo, a que quase me passou impetigo em pleno carnaval não vai me convidar pra ser sua madrinha de casamento?
A Clarice, umas das madrinhas, veio compartilhar comigo a preocupação de vestido e tal, pensando que eu também fosse. e eu disse que não era. Ela achou estranho, achava que eu fosse. Pois é, mas não era.
Até que outro dia, conversando com a noiva sobre o evento, ela fez um comentário que deu a entender de que eu seria madrinha.
- Vem cá, mas afinal de contas, eu sou ou não madrinha desse casamento?
- Claro que você é!!
- Mas eu não fui convidada formalmente, não!
- Garota, você é louca! Eu te convidei sim!
- Convidou mesmo porque eu tava junto. Interferiu Melissa.
- Mas quando?
- Há muito tempo, a gente tava bebendo lá no Galeto.
- Porra! Também vai me fazer um convite desse no buteco. Depois do terceiro chopp eu quase não me lembro do meu nome, gente...

sexta-feira, 25 de julho de 2008

A música e da banda do momento

"A minha vida é dura

E é duro o meu cabelo

É blak power

Todo mundo quer ter meu cabelo

E essa criatura por quem eu tenho apreço

Fala da minha conduta

Pra eu raspar o cabelo.

...

Ah, não tem nada não

Eu bem que me conheço

Eu sei que um dia viro a mesa

E mudo de endereço"


Já que o assunto é música, ouvi essa num desses dias que a televisão fica ligada sem ninguém pra assistir.
Só fazendo barulho.
Gostei de cara.
Pensei: "Isso é bom. Tenho que descobrir quem toca".
Mas passou.
Depois de um tempo descobri.
É O Moinho.
Antigo Moinho da Bahia, que assisti há uns 3 anos atrás no Odisséia.
Lan Lan, sem comentários, na percussão, e Emanuelle Araújo, graciosinha, na voz.
Na época, cantavam sucessos da MPB bahiana.
Banda desconhecida, cantavam no palco pequeno do Odisséia, antes do show principal, que era Empolga às 9 (ou Suvaco de Cristo?).
Pensei: "Isso ainda vai dar ibope".
Hoje, a banda tmbém é autoral, com letras da Lan Lan, e já tá bombando por aí.
E a batida de Esnoba é uma delícia.
Apesar de estar na novela e ficar cansativa, mas como não assisto a novela, tá tranquilo...
Acessa www.myspace.com/omoinho e escuta lá.
Ainda não aprendi a adicionar vídeos, links e outros aqui no blog...
Confesso que tenho resistência à tecnologia. Mas música boa eu gosto.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Shows revolucionários


Vindo para o Rio de Valença e escutando Farofa Carioca no carro, lembrei do show que fui do grupo anos atrás.

Foi em Santa Tereza, assim que chegamos e caminhávamos do carro até o local do show passou por mim e por meu grupo de amigos um fusquinha lotado de equipamentos de som e com um negão de voz grossa no carona chamando a galera para o show. Era Seu Jorge.

Lá dentro, eu, uma menina recém chegada do interior, participei do primeiro evento legalize da minha vida. Nunca vi tanta gente junta fumando maconha como se fosse um careta. Achei aquilo no mínimo ousado.

O show começou, teve canja do D2, na época Planet Hemp, que subiu no palco de skate e o Falcão do Rappa, banda ainda iniciante, assistiu boa parte do show ao nosso lado. Assombrado, assim como nós.

Depois do show, o forró, antes de dar os primeiros sinais de modinha, interagiu homens, mulheres, brancos, negros, ricos e pobres.

Saí daquele show com uma carga de informação tão intensa que posso dizer que saí outra pessoa.


Relação de shows revolucionários:


1 - Oswaldo Montenegro - Exposição Valença (1992)

2 - Elba Ramalho - Exposição Valença (+-1994)

3 - Rolling Stones - Abertura Cássia Eller e Bob Dylan - Apoteóse (1998)

4 - Macy Gray - Free Jazz (2001)

5 - Cordel do Fogo Encantado - Circo Voador (2005)

6 - Cássia Eller - Abertura Nando Reis - Fundição (2000)

7 - Farofa Carioca - Quinta do Bosque (1999)

8 - Paulinho da Viola - Abertura Diogo Nogueira - Morro da Urca (2008)

10 - O Rappa - Antigo Claro Hall (2002)

11 - The Strokes - Tim Festival (2005)

12 - Monobloco - Quando saía na Gávea, da Puc ao Baixo (2001)

13 - Ben Jor - Armazen 5 (2003)

14 - Luiz Melodia - Praia de Copacabana (2002)

15 - Barão Vermelho - Coroados Valença (1997)

domingo, 13 de julho de 2008

Conto da Primavera


Hoje fui alugar um filme e fui feliz sabendo que iria poder escolher qualquer filme, aquele que normalmente eu não poderia se estivesse acompanhada, porque você sabe, quando se está escolhendo o filme com alguém sempre há uma negociação: “já vi esse”, “esse outro não estou com a menor vontade”, “quero um filme de chorar”. Normalmente a negociação se arrasta até eu perder a paciência e aceitar ou impor algum filme no impulso.
Botei minha calça de moleton cinza, um casaco laranja sobre uma camiseta verde bandeira, um tênis velho, amarrei o cabelo num coque e fui eu feliz da vida e completamente descontextualizada das pessoas de biquíni e sem camisa voltando da praia. Ignorei solenemente o sol por hoje, pra mim, o dia está adoravelmente nublado e meu edredom me espera.

PS: Aluguei Conto da Primavera, da série Os Contos das Quatro Estações, de Eric Rohmer.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Berço do samba

Descobri Vila Isabel.
Aquela mesma cantada por Martinho.
A vila de Noel.
O berço do samba.
...
Descobri em Vila Isabel o pastel de bacalhau da Adega Villas Boas.
Um negócio!
E o preço justo de um real e setenta centavos.
Fica a dica.
...

Se descobrisse também no bairro um apartamento antigo, prédio de 3 andares no máximo, numa rua tranqüila e arborizada, ao lado de um daqueles butecos maravilhosos, Copacabana que me desculpe, não hesitaria em mudar pra lá.
E meu filho (quando vier, daqui a alguns anos), meu filho já nasceria malandro.
...

Feitiço da Vila (Martinho da Vila)

Quem nasce lá na Vila
Nem sequer vacila
Em abraçar o samba
Que faz dançar os galhos,
Do arvoredo e faz a lua,
Nascer mais cedo.
Lá, em Vila Isabel,
Quem é bacharel
Nao tem medo de bamba.
São Paulo dá cafe,
Minas dá leite,
E a Vila Isabel dá samba.
A vila tem um feitiço sem farofa
Sem vela e sem vintem
Que nos faz bem
Tendo nome de princesa
Transformou o samba
Em um feitiço descente
Que prende a gente
O Sol da Vila é triste
Samba não assiste
Porque a gente implora:
"Sol, pelo amor de Deus, não vem agora que as morenas vão logo embora
Eu sei tudo o que faço
Sei por onde passo
Paixão não me aniquila
Mas, tenho que dizer,
Modestia a parte meu senhores...
Eu sou da Vila!

domingo, 6 de julho de 2008

Coisa que ela odeeeia


Juliana, frequentadora assídua deste blog (que não sabe adicionar comentários..afe!), mais do que a própria autora, deu um exemplo de uma coisa que ela odeia. E olha, que quem conhece a Juliana sabe que ela odeeeeia várias coisas.
"Eu odeio que numa muvuca, fiquem andando e se apoiando nas minhas costas. Tava saíndo do jogo do Fluminense, puuuta da vida, e vinha um cara atrás apoiando a mão nas minhas costas o percurso todo. Olhei de cara feia várias vezes e nada do cara se tocar. Até que eu não aguentei e virei: Dá pra tirar a mão de mim, PORRA!"
Isso mesmo Ju, não dá pra ficar aturando um desforo desses.
Pior que isso, só quando a gente era adolescente e tinha uma conhecida um tanto quanto avantajada de seios, que ia empurrando com os peitos mesmo. Neguinho corria pra não ficar na frente dela numa fila indiana.
Essa e outras histórias ótimas saíram regadas a muitos queijos, vinhos e sorvetes com ovomaltine, difícil vai ser lembrar de todas pra contar aqui.

domingo, 29 de junho de 2008

Coisas que odeio

- Sotaque paulista cantando hino de torcida de futebol
- Gente que coloca cadeado nas fotos do orkut
- Bateria de celular que descarrega sempre que preciso
- Tentar tirar dinheiro no caixa eletrônico e este estar indisponível pra saque
- Sentir frio no pé
- Acordar com barulho de obra
- Esperar elevador
- Gente arrogante
- Encontrar cabelo na comida
- Descer a Serra das Araras de ressaca
- Estar sóbria no meio de bebuns
- Querer ir embora e não poder
- Tumulto
- Domingão do Faustão
- Chiclete grande, tipo Baballoo
- Pessoas que escovam o dente e falam ao mesmo tempo
- Caloteiros, pão-duros e mesquinhos
- Mar bravo
- Água fria
- Lavar soutien e meias
- Enxame de formigas atacando um pedaço de doce
- Gato, rato e tartaruga
- Sandália plataforma com salto de acrílico
- Pia cheia de louça suja
- Pinta cabeluda
- Não ter nada de útil pra escrever aqui.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

O negócio é não sofrer!

56 são os dígitos dos meus sonhos.
58 já me faria muito feliz.
Uma vez, disse que se chegasse a 60 mudava de nome.
Já fui a 62,5.
Atualmente, 61 muito bem distribuídos.
Se chegar a 60 tá ótemo, nêga!

domingo, 15 de junho de 2008

Conversa alheia

Existem duas coisas que faço bem sozinha. Ir ao cinema e ir à praia.
O primeiro aconteceu porque todos os filmes que eu tinha vontade de ver não batiam com os que minhas companhias quriam. Se iam sob minha influência, saiam do cinema falando mal do filme. Chegou um belo dia que desisti. Passeia a ir sozinha e os problema acabaram. Podia escolher o horário, filme, cinema, tudo, sem ninguém pra dar pitaco. (Saudade do Cine Jóia, um pulgueiro, mas não me lembro de um filme ruim que tenha assistido lá...)
Quanto a ir à praia sozinha, tinha esquecido o quanto era bom. Há muito tempo que não ia à praia (mesmo estando a uma quadra de lá), muito menos sozinha. Chegando lá lembrei que a tática é sentar perto de um grupinho simpático. Aí é só se ajeitar na canga, fingir que está distraída admirando o mar e ficar de butuca na conversa alheia.
Adoro! Até quando estou acompanhada, me pego participando mais do papo ao lado do que da conversa da galera.
Hoje, o assunto da praia foi cinema. Um senhor se juntou ao grupo de duas senhoras, uma moça e um rapaz e disse que adorou Sex and the City – O filme. Confesso que até então estava entretida com meu livro, mas quando ouvi a frase parei tudo e acompanhei.
A moça, cheia de preconceitos, disse que não foi ver porque não suporta a série. “As mulheres só falam de homem. E tinha uma delas que era lésbica, ainda por cima...” Com cara de nojo. Ora, se eu pudesse, entrava na conversa e diria pra essa garota que ela tá totalmente por fora.
Além das quatros meninas da série não falarem só de homens, falam também de sapatos, bolsas, carreira, independência financeira, afeto, amizade, insegurança, carência afetiva, sexo, falta de sexo, maternidade, enfim, um monte de coisas sobre o universo feminino, com um toque, admito, de fantasia. Mas, qualquer olhar menos superficial poderia perceber isso. Além do mais, a Samantha, foi lésbica sim, mas durante um curto período da série, e sua namorada foi nada mais nada menos do que Sônia Braga, minha filha, interpretando uma artista plástica brasileira chiquérrima. Você deveria estar feliz pelo Brasil estar sendo representado de outra forma que não as estereotipadas, que estamos cansadas de ver por aí. Nos outros 98% da série, Samantha foi um ninfomaníaca, tarada por homens. O que prova a superficialidade de sua crítica. E mesmo que fosse lésbica, não é preconceito demais desgostar de uma série só por causa da opção sexual da personagem?
Não precisei me manifestar, porque o senhor disse tudo.
“Todo homem tinha que prestar atenção em conversa de mulher. Aquelas meninas são terríveis”.
Obrigada, tio. Não assisti ao filme ainda por pura falta de tempo. Por causa de você vou assistir essa semana sem falta!

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Último Romance

E até quem me vê lendo o jornal
na fila do pão sabe que eu te encontrei
E ninguém dirá que é tarde demais
que é tão diferente assim
Do nosso amor a gente é que sabe

(Rodrigo Amarante)

quarta-feira, 11 de junho de 2008

A redenção da barriga de fora

Recado (Rodrigo Maranhão)

Com muito dinheiro e carro do ano
Modelo importado, tu tá comentado
Não tem mais sossego e da roda de samba já se separou
Vive cercado, parece um E.T
E sai todo dia em revista e TV
Pra que tanta banca?
Na terra da santa como você vê.
A feira tá pouca, o bicho tá solto.
Tem muito estrangeiro, muito bafafá.
O dia tá feio, a lua não veio, o dinheiro não dá, não dá

Mas tem muito bamba fazendo refrão,
tem muito samba na concentração.
Muita riqueza que você não tem mais não

E tem muito água no nosso feijão
Muita mandinga na minha oração
Muita riqueza que você não tem mais não

Tem muita Maria e muito João
Tem muita rosa pelo quarteirão
Muita riqueza que você não tem mais não.


Fui no show da Maria Rita ontem. Fui sem coonhecer bem o novo CD de samba. É que quando ela começou a deixar o cabelo crescer e a encurtar o tamanho da saia, fiquei com implicância.
Gostava mais imagem dela com aqueles vestidões longos, descalça, balangando de um lado pro outro no palco, igual pêndulo.
Mesmo com a implicância, animei de ir ao show, afinal é uma puta cantora, não tem como negar.
Entrou no palco e...barriga de fora. “Putz. Ferrou, vou ficar implicando com essa barriga o show inteiro, nem vou aproveitar”, pensei. E verbalizei logo, “Cafoninha esse modelito, hein?”. Todas concordaram.(Éramos 4 amigas, mulheres e críticas ferrenhas de moda).
Começou a cantar. Samba. Justamente as músicas que eu não conhecia, e eu só pensava na barriga...
(Vou abrir um parêntese para explicar essa obcessão com a barriga. O negócio é o seguinte, a Maria Rita era gordinha, usava óculos, vestidos longos, era discreta, se destacava unicamente e ecândalosamente pela voz. Eu gostava disso. Só que emagreceu. Foi aí que tudo se perdeu. Entrou na viagem que todo ex-gordinho tem de que pode sair botando tudo pra fora. Já tinha visto ela usando microsaias e saltos altísimos (gente, no início ela só cantava descalça), mas barriga de fora era audácia demais. Falei: Depois que começou a namorar o Falcão ela tá achando que virou Débora Seco. As meninas concordaram.
Implicância total, gente! Os sambinhas foram animando, logo entraram as canções mais antigas, composições do Rodrigo Maranhão e Amarante (que eu prefiro) e, acreditem, a Maria Rita tá sarada. Tive que dar o braço a torcer. “Cara, ela tá muito bonita”, falei. Todas concordaram, 4 mulheres de sensatas que somos.
Apesar de estar adotando o estilo meio Shakira de ser e estar bem diferente daquela que eu gostava (mais low profile), continua com um vozeirão e um repertório maravilhoso e com muito mais presença e domínio de palco.
Nem lembrei de que ela estava de barriga de fora e me acabei de dançar e cantar.
.
.
.
Mas quem se acabou mesmo, foi uma Tchuca que estava ao nosso lado. A mulher com um minivestido, sambava, rodava, levantava os braços, sorria grande, ia até o chão, que tava até chamando mais atenção do que a Maria Rita. Pensei na hora em que os holofotes iam se virar todas para ela. As namoradas já estavam até retirando os respectivos de perto, quando alguém lançou:
“Ih, essa aí tá se achando a Maria Rita Cover”.
“Maria Rita Banguela, né? Porque tá faltando dente nessa boca aí”, falei.
Tc,tc,tc. Que maldade.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Boa companhia

Ontem, almocei um risoto.
Na verdade, um mexidão mesmo, daqueles com resto de tudo que tem na geladeira.
Para me fazer companhia, já que estava sozinha, uma taça de vinho tinto.
Bom, seria taça se eu a tivesse, como as minhas quebraram há um tempão e não comprei outras ainda, tomei no copo de requeijão mesmo.
Uma taça (vamos falar taça para manter o romantismo) virou duas, três...Não passou de quatro.
Quando contei do meu menu, me disseram que isso é sinal de alcoolismo.
Pode até ser, mas que me achei muito chique, me achei.
Mesmo com o copo de requeijão.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Mudando de assunto

Tenho pensado tanto, que outro dia uma senhora que estava sentada na mesa ao lado veio em minha direção e disse:
- Não pensa tanto, minha filha, dá rugas. Tudo vai dar certo.
Sorri pra ela, sem entender muito.
Depois entendi: devia estar fazendo umas caretas horríveis.

...

Os livros que comprei pela internet chegaram.
A inspiração para escrever a dedicatória, não.

....

Pelo menos consegui organizar a mesa do computador.

...

Se eu fosse macho, correria debaixo dessa chuva.
Como sou menina, sinto pontadas de cólica.
E olho tudo pela janela.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Estilo Haway

Não sei se você é dessa época. Ou se é e prefere fingir que não lembra. Mas eu me lembro do tempo em que roupa de Bali era o que há.
Sabe aquelas peças coloridíssimas, estampadíssimas, em tecido levíssimo. Era isso.
Os homens usavam aquelas blusas largas e super coloridas, alguns, mais ousados, arriscavam uma calça, aquele colorido todo. Uma coisa!
Para as mulheres então, que maravilha! Era igual a viscolycra de hoje. Tinha de todas as cores, estampas e modelos. Vestidinhos, saias, shorts, calças, e o que mais você imaginar.
Bom, assim que entrou a moda Bali, minha mãe, que na época vendia roupas, chegou em Valença com uma infinidade de shortinhos para vender. Como era novidade, e a moda ainda não tinha pegado na cidade, as clientes estranharam um pouco.
Minha mãe não passou aperto. A segunda cliente que olhou torto para a peça, ela lançou logo.
-Olha, querida, isso é a última moda. Estilo Haway.
Com a pronuncia em inglês mesmo - RAUAI.
Vendeu tudo. Não sobrou um shortinho haway pra contar história.
Até hoje quando ela quer dizer que algo está bombando, ela fala. "Estilo Haway".
Tctctc.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

O milagre do cabo de vassoura

Mel é a Cocker Spaniel da minha irmã. Ela é completamente louca. A cachorra, não minha irmã. Se bem que dizem que o cachorro puxa o dono, então...
Bom, o fato é que a Mel é uma fera. Fora os cinco membros da família (pai, mãe, irmão, irmã e eu), e a minha avó (que cuidou dela quando era pequena) todos os outros são inimigos mortais da Mel. Ela odeia todo mundo. É só a campainha lá de casa tocar que ela dispara em direção à porta latindo violentamente contra o suposto invasor. Já teve carteiro atacado ao montes.
O que intriga é que com os familiares citados a cima ela é um doce. Precisa ver como ela fica quando eu chego do Rio. Late, chora, corre, pula, volta, um dengo só. Só sossega quando paro pra dar atenção.
Pois bem, acontece que minha família se mudou de casa. E a Mel está mudando também. Não se casa, mas de comportamento. Está calminha. Não avança mais na Kenia e Luciano, que trabalham lá em casa há anos e até então, enquanto estivessem lá, a Mel tinha que ficar mantida presa para não atacá-los. Agora, convivem harmoniosamente.
Mas o mais surpreendente é a tranqüilidade da Mel com o Bóia, namorado da minha irmã. Bóia era o inimigo número um da Mel. Há alguns meses, ele fica todo final de semana lá em casa. E a relação dele com a Mel era péssima.
Não é que a partir de agora Mel e Bóia também convivem no mesmo espaço sem nenhum rosnado sequer?
A tática usada: Minha mãe deu um cabo de vassoura pra ele. Agora ele vai do quarto à sala, da sala ao banheiro, do banheiro à varanda, agarrado ao cabo de vassoura. Não solta por nada. Aquele homem enorme segurando um pedaço de pau igual a uma bengala o final de semana inteiro. Imagina.
Mas já foi avisado: o pau não é pra bater na coitadinha, só pra intimidar.
Tem dado certo.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Introspecção


Sabe quando uma penumbra é o melhor dos mundos?
É isso.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Aventuras rodoviárias

Cheguei com meia hora de antecedência, achando que tava fazendo a maior vantagem. Mas só tinha passagem para uma hora e meia depois. Com uma mala mega e uma arara (essas de pendurar roupa, não o animal) nas costas. PQP. Rodoviária me dá enjôo, cheiro de fumaça, misturada com cigarro, mais estofado de ônibus...Tava de ressaca ainda por cima.
Fui para a sala da Normandy. Pelo menos ar condicionado e tv, para justificar os abusivos 30 reais da passagem. Advinha o que tava passando na televisão? Caso Isabella Nardoni. Claro. Juro, o tempo todo que passei esperando minha condução a Valença City foi só isso que se passou. Três imagens dos acusados entrando e dentro da delegacia se repetindo interminavelmente enquanto o repórter destrinchava o caso pela quaralésima vez. Olhava atônita as três imagens em looping e acho que entrei em estado letárgico. Quando me dei conta, estava pensando que a madrasta bem que poderia melhorar o visual, pentear o cabelo pelo menos, afinal ela sabe que está sendo mais cobiçada pelos fotógrafos e cinegrafistas do que a Britney Spears e que vai aparecer em todos os jornais do Brasil.
Dei-me conta da bizarrice do pensamento e resolvi, então, comer alguma coisa. Há algum tempo já havia pensado nisso, mas se você me visse sentada com aquela mala e arara do lado, que juntas ocupavam 60% da sala, você me aconselharia a não levantar dali. Mas sou corajosa e lá fui eu arrumar algo pra comer. Na verdade essa era uma ação preventiva. Tenho uma teoria de que viajar de estomago vazio enjoa. O objetivo era comer um joelho (bem massudo pra preencher o estômago) e beber uma água tônica (superstição, sempre tomo antes ou durante a viagem). 7 reais tudo. Tudo isso, falei pro cara do caixa. 3,20 só a água tônica? Gente, mas rodoviária não é um espaço popular? As pessoas que viajam de ônibus ou não tem grana pra pegar um avião, ou não tem grana para viajar pra longe (então vão pra Valença), ou não tem grana pra comprar um carro. Me senti muito pobre chorando miséria com o cara do caixa, mas não podia ficar calada.
Fiz meu lanche e me encaminhei para o embarque. Sempre soube que ao entrar na área do embarque você deve apresentar a passagem para uma espécie de porteiro do embarque. Lá estava eu, caminhando em direção ao porteiro, olhando para ele com uma cara um misto de brava e um misto de sofrimento para convencê-lo a não me pedir a passagem (gente, eu tava carregando a mala mega e a arara, lembram?). Mas ele pediu. Não tive forças para retrucar. Foi quando estava tirando a arara das costas e abrindo a bolsa que tive a recompensa pelo meu dia. Você é fashion, disse o porteiro numa afirmação surpresa. Resolvi entrar na pilha. Sou, como é que você sabe? É que eu também sou. Adoro um All Star, uma blusa colorida, justinha, ainda mais que eu tenho um corpo bom. Olhei pra ele tentando confirmar o corpinho e só enxerguei um uniforme nada fashion. Sem tempo de me deixar reagir ele lançou. Mas estou deixando de ser fashion porque entrei pra igreja.
Entrei no ônibus me sentindo um tanto quanto afastada de Deus.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Atualização

Nada como um dia atrás do outro.
A última vez que postei neste blog, tava num bode forte.
Passou.
Abaixo, uma atualização em relação ao último texto.

Acho que a cada dia tô chegando mais perto.
Ainda dá insegurança.
Esse lance de medo pode ser chamado de TPM algumas vezes.
A televisão continua ligada até de manhã.
Definitivamente não é síndrome do pânico.
Os sonhos estão mais tranqüilos.
Volto a correr amanhã.
Melhorei da amidalite. Rinite agora.
Acho que a carência passou. Mas aviso, casadinho deixa a vida bem mais feliz.
Não fiz repouso e não tomei os antibióticos até o fim.
Tomei todas na festa. Tem até foto minha e do Vitor dormindo no final. Ai ai.
Nem a cerveja me deu coragem pra cantar. Sinal de que até bêbada mantenho o bom senso.
Fiz blusas bem bonitas pra quem tava sem inspiração.
Mesmo a Vogue não ajudando.
Hoje estou ótima. 5% fútil apenas. Até comprei um celular baratinho porque não vou gastar milhões num aparelho cheio de guéri guéri se só preciso falar com ele. E mesmo assim pouco. Porque posso até ser fútil, mas sou a única fútil que conheço que detesta telefone.
E vou confessar. Sou a única jornalista que conheço que detesta escrever.
Não queria escrever de novo, mas taí.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Sim, postei

Sim, ainda estou descobrindo o que quero da minha vida.
Sim, dá uma insegurança.
Sim, ando sentindo uns medos. Numa época em que pais andam jogando filhos pela janela, é razoável que se sinta. E eu que achava que não eram o pai e a madrasta, mas tá difícil de acreditar que não.
Sim, se durmo sozinha, durmo com a TV ligada, até eu ter certeza que o dia clareou e estou salva.
Não, não é síndrome do pânico.
Sim, tenho dormido bem. Apesar de uns sonhos agitados.
Não, não corri essa semana.
Sim, estou doente. Amidalite.
Sim, e um pouco carente. Apesar de meu namorado ter trazido lasanha e casadinho de sobremesa pra mim outro dia.
Não, não estou fazendo repouso absoluto, como disse a médica.
Não, não pretendo tomar os antibióticos por 10 dias, como disse a médica. Tem festa dia 22 e vou beber, na verdade pretendo me embebedar.
Não, não tenho certeza se terei coragem de cantar na festa.
Não, não estou inspirada e tenho milhões de blusas pra criar.
Sim, comprei a Vogue para me inspirar. Não adiantou muito.
Sim, tenho várias Vogues. Mas só agora tenho um motivo “não fútil” para comprá-las.
Sim, eu sou fútil às vezes. Principalmente quando estou de saco cheio, como hoje.
Não, não estava a fim de escrever isso.
Sim, como podem ver, não só escrevi como postei.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Divisor de águas

Hoje pra mim é um daqueles dias definitivo na vida de uma mulher. Um divisor de águas. Sabe quando a menina fica de chico e tem que usar primeiro absorvente? Ou o garoto que já tá com uma penugem no buço que mais parece uma sujeira e precisa fazer a barba pela primeira vez. É assim que estou me sentindo.
Hoje estou debutando no recurso utilizado por milhares de mulheres (e alguns homens, afe!) do mundo todo: a tintura de cabelo. Não, eu não quero ser mais uma candidata a cover de Bioncé (é assim que escreve? Não sei, e estou com preguiça de procurar saber. Nem gosto dela pra isso). Preciso apenas esconder o inevitável: os fios de cabelo branco que insistem em proliferar na minha cabeça. O pior, é que esses malditos, ao invés de nascer no meio da cabeça, ou na nuca, sei lá, onde podem ser escondidos, insistem em nascer na franja, logo acima da testa, saltando aos olhos. Estou vindo lá na esquina e a pessoa já me reconhece pelos fios brancos brilhando na cabeça.
Quando nasceu o primeiro, achei engraçadinho, deixei. Nasceu o segundo, o terceiro já achei esquisito, arranquei. Mas agora, virou um enxame. Praticamente uma mexa branca e não tem penteado criativo que esconda. Deixou de ser charmoso há muito tempo isso. Embora tenha ouvido um comentário de que era muito charmoso mulher de mecha banca. Mas quem falou isso foi o Fael, irmão do meu namorado, e quem conhece o Fael sabe que o gosto dele para essa coisa de estilo, moda, tendências capilares e afins é zero.
Confesso que relutei a aceitar que chegara o momento. Mas estou diante da tintura, a um passo de deixar de ser quem eu era. Depois de hoje, serei mais uma dependente da tinta, pintando mensalmente o cabelo, refém das vendedoras das lojas de produtos de beleza mal humoradas, cabelereiras frustradas isso que elas são, que olham para seu cabelo com cara de nojo oferecendo o produto hidratante de última geração porque “Seu cabelo tá beeem ressecado, hein, nem?”.
Mas o pior nem é isso. Para quem ainda não sabe, senta porque é grave. Depois que se pinta o cabelo numa tentativa ingênua de esconder os incipientes brancos, os outros fios ainda com a cor natural se organizam num movimento revolucionários e embranquecem numa rapidez incontrolável. Uma loucura.
Um belo dia você levanta, se olha no espelho, dá uma jogada no cabelo, futuca a raiz, e lá estão eles, os brancos dominando o couro capilar, te jogando na cara, que apesar de o importante é ser jovem de espírito, pasme, a idade chega pra todo mundo.
Mas a minha eu não falo, vai ter que advinhar. E depois de tingidos os danados, duvido, meu bem, que você acerte.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Coisa Fantástica

Ter amigos é uma coisa fantástica. Ter um amigo é uma coisa fantástica. Quando se têm alguns, quase muitos, ou muitos (sem pretensão), então. Nem se fala.
Sempre tive sorte neste quesito. Mais uma vez, sem pretensão. Não me lembro como foi que conheci algumas das minhas melhores amigas. Simplesmente porque crescemos sendo amigas e minha memória não chega lá no início. Mas desde que me entendo por gente eram elas que freqüentaram minhas festas de aniversário, eram com elas que estudava para as provas, eram elas que acompanharam minhas primeiras aventuras amorosas, enfim. O tempo passou, a gente não está mais junto cotidianamente, mas nosso amor continua intacto.
Depois, vieram os amigos que já consigo lembrar como aconteceu a amizade, afinidade espontânea, e essas pessoas passaram a freqüentar o hall das pessoas importantes na minha vida. De verdade. Sabe quando você se sente querida de graça e gosta de graça também. É isso.
Confesso que sou bem desnaturada, não sou de ficar ligando, se as coisas na minha vida estiverem meio confusas, pode ser que eu suma, ou que apareça de vez, depende. Mas temos uma qualidade fundamental à amizade. Não existe cobrança.
Alguns momentos na minha foram fundamentais para confirmar o quanto recebo (e conseqüentemente o quanto devo dar) esse amor incondicional.
Meu aniversário de uns 2 anos atrás, eu há muito afastada dos meus amigos, muito trabalho, namoro, viagens pra Valença no final de semana, enfim. Chamei todo mundo que eu amo para um chopp, mas confesso que fiquei bem insegura de não aparecer ninguém. E sabia que caso ninguém aparecesse, bem que eu teria culpa nisso. Não é que foi todo mundo que importava. Com raras exceções e justificativas convincentes.
O aniversário do ano passado foi a mesma coisa, apesar de não estar tão ausente dos amigos, foi um dia muito impróprio para se comemorar alguma coisa. O Rio de Janeiro estava parado por causa de vários dias de chuva e no dia do meu aniversário não foi diferente. Tava quase desmarcando, quando recebo o telefonema da Márcia, uma daquelas amigas de longa data, dizendo:
- Olha, já combinei com Paty, Ana e Simone. Mais tarde estamos lá, hein?
Como ia desmarcar? se fosse só nós cinco a festa já estaria feita. Mas não é que apareceu, de novo, todo mundo que importava. Amigos recentes e tão queridos quanto, vieram de Niterói, embaixo de temporal (fato importante).
Nesta última sexta-feira, tive mais uma dessas constatações de quanto a amizade é importante. Fiz um bazar e confesso que fiquei receosa se as pessoas animariam de vir. Mas vieram. A Ju Arara, que não poderia vir no horário, veio antes só para não deixar de vir. Só pra me dar um beijo e desejar boa sorte...e fazer umas comprinhas, claro. Foi muito bacana ter todas essas pessoas queridas em volta de um projeto meu. Me incentivando, dando força.
Ter amigos é realmente uma coisa fantástica.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Vaso ruim

Por telefone uma amiga me conta que bateu de carro.
- Um carro me fechou, perdi o controle e invadi um posto de gasolina. Fui arrebentando placa, tudo tudo que tinha pela frente. O carro ficou detonado. Horrível.
- Caraca!!!! Que perigo! Mas e você? Está bem, se machucou?
- Ah amiga. Sabe como é. Vaso ruim não quebra.
- Ainda bem.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Epidemia

Hoje acordei esquisita. Nariz coçando e espirrando a cada 2 minutos, alergia atacou feio.
À tarde fui pagar umas contas e o sol me incomodou mais do que o normal. Mal conseguia ficar com os olhos abertos.
Enquanto esperava o sinal abrir, ouvia o papo de duas senhoras, uma delas com uma criança, sobre o assunto do momento: a dengue.
- Olha como meu netinho tá mal. Tô achando que é dengue.
- Ih, minha filha, o negócio tá brabo. Tô achando que esse negócio de epidemia de dengue não é mais o mosquito que tá picando, não. Deve tá passando de pessoa para pessoa, só de ficar perto. Igual gripe.
Arrepiei.
Frio, neste dia claro e ensolarado de outono?
Por via das dúvidas saí de perto do menino. Vai que a senhorinha tá certa.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Faxina

Tem dias que tudo que a gente precisa é de uma boa faxina...na casa, no armário, na cabeça, no coração. Comecei pela sala. Tá um brinco!

quarta-feira, 26 de março de 2008

As mulheres e o futebol II

Uma amiga andava com uns hábitos estranhos. De um dia pro outro descobriu o Maracanã.
Tudo quanto era jogo ela ia.
E eu que nunca soube que ela gostava de futebol, nem time sabia se ela tinha.
Liguei num domingo.
- E aí? Vamos tomar um chopp depois da praia?
- Não vai dar, vou no Maraca.
- Ah, legal. Então tá.
No início achei normal. Maracanã é FODA até pra quem não liga pra futebol como eu, como ela...Mas a situação continuou se repetindo.
- Vai fazer o que quarta à noite? Rola um cinema?
- Ih, não. Hoje tem jogo do Flamengo, vou no Maraca.
- Ãaaaa, contra quem?
- Ah, nem sei...
Tudo indicava que ela era Flamengo. Acompanhando o timão até contra quem ela nem sabia. Legal. Tava até admirando tanto amor ao time. Sei lá, queria ter essa dedicação, algo a que seguir desta forma.
Pura ingenuidade minha. Outro domingo ela me liga e convida.
- Tô indo no Maracanã, tá afim?
- É alguma final?
- Não. Jogo do Fluminense.
- Contra o Flamengo?
- Não, acho que contra o Vasco.
E lá ia ela. Não importava o time, o jogo, o campeonato. Partia pro Maraca (Maraca é pros íntimos). Torcedora do time que tivesse jogando, seja lá qual for, desde pequenininha.
Até que um dia, após mais uma recusa a um programinha básico, não contive o estranhamento que me acompanhava há dias e perguntei.
- Quéeerida, qual é a tua? Que fascinação toda é essa por futebol de uma hora pra outra? Não tô te entendendo?
- Mas menina, você não sabe de nada. Não existe lugar melhor em todo Rio de Janeiro pra freqüentar.
- Como assim?
- Fica esperta garota. É o único lugar na cidade, quisá no país e no mundo onde existem cerca de 200 homens por mulher, se não for mais, hein? Sou péssima pra número.
Uma luz caiu sobre mim e passei a enxergar tudo com tanta clareza.
- E, ó. Já fui em várias torcidas, Flamengo, Botafogo, Vasco, até Madureira já fui. Mas a do Fluminense é a melhor. Outro dia beijei dois.
- Ah, tá.
Falar mais o que, né?

terça-feira, 25 de março de 2008

As mulheres e o futebol

Só Juliana estava realmente interessada. As outras três, Letícia, Melissa e Clarice, viram no convite uma boa oportunidade para se divertir numa quarta-feira à noite. Era jogo do Fluminense x Time-desconhecido-de-São Paulo. Na casa da Ju, cervejinhas, papo furado, coisa e tal.
Melissa, como sempre, chegou atrasada, no meio do primeiro tempo. Mas chegou com Letícia e sacolas cheias de cervejas. Foram perdoadas. Mal chegaram, Letícia e Melissa foram comer amendoim e bater um papo na cozinha com o Dani, irmão-mais-novo-bonitão de Juliana. Ficaram conversando todo o primeiro tempo, falaram de noitadas, cinema, yoga, e o papo foi evoluindo para materialismo e desenvolvimento da espiritualidade.
Clarice e Juliana permaneceram na sala. Juliana não tinha outro interesse que não o Fluminense e Clarice, que não gosta de amendoim, ficou lendo revista e pescando o replay de alguma jogada emocionante.
Intervalo do jogo.
Juliana entra na cozinha tentando se conformar com a idéia do seu time levar uma lavada.
- Cara, o Fluminense tá jogando muito mal! Já vou ficar muito feliz se empatar.
Como não encontrou consolo, voltou pra sala.
Foi quando Letícia se tocou de que devia voltar pra sala, afinal, o objetivo daquela reunião era dar um apoio moral à amiga e "assistir" ao jogo. Não ficar batendo papo e omendo amendoim na cozinha.
Segundo tempo.
Meninas a postos diante da televisão. Copos de cerveja devidamente cheios e...GOOOL. Do time de São Paulo. Clerice chegou a vibrar achando que se tratava do Fluminense, mas foi interrompida pela indignação da Juliana.
- Gente! Não reconheci o fluminense com esse uniforme branco. A vida inteira foi verde, vermelho e branco, quando a gente acostuma eles mudam. Estão querendo me confundir.
Risos generalizados! Exceto Juliana, que tava puta.
O tempo foi passando, a tensão aumentando e Letícia não conseguia parar de rir. O foco da sua atenção, em vez do futebol, era Juliana. Não entendia a como a amiga podia ficar tão nervosa por causa daquele jogo.
- Juliana, seu dedo do pé sempre foi assim, achatado? Ou ficou de tanto usar sapato desconfortável?
- Você tem certeza que quer que eu te responda isso a-g-o-r-a? Solta Juliana já sem paciência.
Enquanto isso, Melissa não dá uma palavra e não pára de comer um só minuto, intercalando goles generosos de cerveja. Clarice, que a essa altura abandonou a revista, a cada 5 minutos ia até a janela conferir a reforma do seu apartamento em frente. Preocupada de seu lar estar sendo habitado por homens brutos e sujos.
- Um horror. Outro dia um deles usou o meu banheiro. E ficou lá um tempão!
Letícia, destinada a pegar no pé de Juliana, reclamou que ela não sabia servir direito. Traz pastinha sem faca pra passar na torrada.
- Quando você casar, vai mudar essa postura? Será que a gente muda de postura depois que casa? Letícia lança a questão.
Melissa garante que sim, experiência própria. Clarice acha que não. Letícia torce para que não mude, mas acha que acaba mudando. E Juliana ignorou.
Segundo gol do time de São Paulo.
Letícia não consegue segurar uma crise de riso. Melissa e Clarice nem viram o gol, engatadas que estavam num papo qualquer e Juliana, em pânico, promete nunca mais chamá-las pra assistir jogo do Fluminense juntas.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Tiro ao Álvaro

De tanto leva frechada do teu olhar
Meu peito até parece sabe o que?
Taubua de tiro ao álvaro
Não tem mais onde furá

Teu olhar mata mais do que bala de carabina
Que veneno estriquinina
Que pexeira de baiano
Teu olhar mata mais que atropelamento de automover
Mata mais que bala de revorver

Adoniran Barbosa

Muito bom!

terça-feira, 18 de março de 2008

Hoje tava com vontade de fazer nada

Hoje tava com vontade de fazer nada.
Acordei no susto.
Fui parar em Niterói.
Voltei.
Achei que tivesse de TPM.
Cedo ainda pra isso.
Almocei.
Lavei a louça, a cozinha,
E estiquei a faxina pro banheiro.
Pensei em parar.
Hoje tava com vontade de fazer nada.
Cogitei ver um filme, seriado ou coisa assim.
Cheia de blusa para produzir.
Fiz duas.
Comi meio pote de brigadeiro,
Enquanto criava.
Escureceu.
Fui correr.
4 km direto.
Algumas poucas pausas.
Meu record.
Hoje tava com vontade de fazer nada.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Atendendo a pedidos


Atendendo a pedidos, segue o colar do momento.

domingo, 16 de março de 2008

Pessoa


Falas de civilização, e de não dever ser,

Ou de não dever ser assim.

Dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos,

Com as cousas humanas postas desta maneira.

Dizes que se fossem difententes, sofreriam menos

Dizes que se fossem como tu queres, seria melhor.

Escuto sem te ouvir.

Para que te quereria eu ouvir?

Ouvindo te nada ficaria sabendo.

Se as cousas fossem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.

Se as cousas fossem como tu queres, seriam só como tu queres.

Ai de ti e de todos que levam a vida

A querer inventar a máquina de fazer felicidade!

sábado, 15 de março de 2008

Papo de boteco

Sem querer parodiar ninguém, hoje o papo vai ser de boteco.
Ontem estive no tal Boteco da Garrafa que inaugurou aqui em baixo de casa, afinal sofri quase 3 meses com a barulhada da obra, tinha que dar o meu aval. Gostei. Só vende cerveja mesmo, tem várias marcas. Bebi Bohemia porque não estou numa fase propícia a aventuras.

....

Constatei o que já estava desconfiada: este é mais um empreendimento da marca Belmonte. Gente, isso é um monopólio! Eles mudam o nome, mudam a cara, mas são sempre eles. Onde estão os empreendedores românticos, que abrem seu boteco como projeto de vida, depois de passar anos juntando dinheiro e abandonar o emprego enfadonho? Tô cansada de enriquecer esses magnatas.

....

Fui no banheiro e contei. Enquanto cinco homens vão ao banheiro, apenas uma mulher consegue realizar essa difícil missão. Não entendo o que elas ficam fazendo tanto tempo dentro daquele cubículo fedido. Por minha vez, entro, agacho e pronto. Em um minuto já estou saindo. Se for aqueles banheiros bombando de gente, então, já começo a desabotoar a calça ou o que for na fila, e acabo de me arrumar no lado de fora do cubículo pra liberar a vez. É diante dessa constatação, que lanço a campanha: “Mulher, mije igual homem”.

sexta-feira, 14 de março de 2008

De dentro


quinta-feira, 13 de março de 2008

Mania

Gente é cheio de mania, né?
Eu então, sou de época.
Quando cismo com uma música escuto milhões de vezes a mesma. A música do momento é Onde a dor não tem razão, Paulinho da Viola. Maravilhosa!
Tenho lido todas as noites antes de dormir Calvin e Haroldo. Adoro!
Correr...Tenho corrido com freqüência mas ainda não chegou ao luxo de ter virado uma mania, vai.
Meu colar Elefante não tiro mais do pescoço.
E foto bonita pra mim ultimamente tem que estar desfocada, senão, não tá boa.

Mania, fazer o quê?

quarta-feira, 12 de março de 2008

Pequenos milagres

Passei o dia todo com vontade de comer melancia, me enrolei e não consegui comprar. Não é que acabo de abrir a geladeira para pegar um simples copo d'água e dou de cara com uma melancia inteirinha, vermelha e suculenta?
Pequenos milagres da vida.

Quem?

Uma colega tava me contando que um dia desses estava num dos quiosques da Lagoa com o namorado, mãe e tal. Ambiente agradável, visual idem, música ao vivo, aquele clima bossa nova, tal e coisa. Aparentemente tudo perfeito. No entanto, a menina estava indignada.
- Como tava rolando música ao vivo, pedi ao garçom pra levar no guardanapo duas músicas para o cantor tocar.
Até aí tudo bem. É costume em alguns shows o público pedir uma ou outra canção. O rapaz cantou mais umas músicas e enfim leu o bilhete em silêncio, ficou olhando pra ele uns 10 intermináveis segundos, o povo todo esperando, quando confessou.
- Olha gente, Bruno e Marrone, infelizmente, não está no nosso repertório. Fico devendo essa. Agora Vitor e Tiago...Quem é Vitor e Tiago?
Foi aí que minha colega explodiu em revolta.
- Levantei e fui embora. Como assim, não sabe quem é Vitor e Tiago. Deu até vontade de escrever para as reclamações do Rio Show.
Foi aí que tive que me manifestar.
- Vem cá, era pra ele saber quem era Vitor e Tiago? Gente, eu nunca ouvi falar em Vitor e Thiago.
A menina com cara de desprezo, soltou um suspiro e me deixou sozinha como se não merecesse a companhia dela. Pensei.
- Em que mundo será que eu e esse cantor vivemos, que não sabemos quem é Vitor e Tiago?
Depois até pensei melhor, a acho que vou dar um pulinho nesse quiosque qualquer dia desses. O lugar deve ser bacana, não toca Bruno e Marrone e nem sequer conhece Vitor e Tiago.


......

Para me atualizar um pouco, escustei rádio hoje depois de muito tempo. Desde o fim da rádio Cidade, confesso que desanimei com o veículo. E olha que não tive grnades novidades, no repertório: Guilherme Arantes (ui), Djavan, Gal Costa, Maria Rita...E ó, nada do tal do Vitor e Tiago. Cansei e voltei para os Novos Baianos.

......


Então toma que é coisa boa.

A menina dança (Novos Baianos)


Quando eu cheguei tudo, tudo
Tudo estava virado
Apenas viro me viro
Mas eu mesma viro os olhinhos
Só entro no jogo porque
Estou mesmo depois
Depois de esgotar
O tempo regulamentar
De um lado o olho desaforo
Que diz o meu nariz arrebitado
E não levo para casa
Mas se você vem perto eu vou lá
Eu vou lá
No canto do cisco
No canto do olho
A menina dança
Dentro da menina
Ainda dança
E se você fecha o olho
A menina ainda dança
Dentro da meninaAinda dança
Até o sol raiarAté o sol raiar
Até dentro de você nascer
Nascer o que há

terça-feira, 11 de março de 2008

Voltei a escrever

Tem umas semanas que achei, jogada entre playboys antigas do meu irmão e cadernos de colégio, a caixa com meus diários de adolescência. Dos 13 aos 21 anos eu escrevia. Eram agendas, na verdade, cada dia tinha fotos e recortes de revistas que tinham relação com o que aconteceu no dia. Impressionante a dedicação em decorar cada página.
Reli algumas delas e foi engraçado. Tantos acontecimentos que nem lembrava, tanto sentimento que pareciam intensos e que hoje não significam nada...Eu sou produto daquilo tudo, mas já não me reconheço em muita coisa ali.
Em que momento a gente deixa de ser o que era?
Em algum momento o gosto em manter os diários sumiu. Os abandonei por uns 7 anos. Escrever sobre mim, sobre o que sinto, sempre me ajudou a resolver questões internas, sentimentos confusos, me ajudou a me entender, mas a idéia de voltar a escrever não me animava.
O fato é que resolvi voltar a escrever, e não estou falando deste blog, porque aqui ninguém é 100% o que é, sempre tem a coisa da exibição, de como você quer aparecer para o outro, os alteregos, enfim.
Voltei a escrever pra mim, à mão (meu Deus, como a gente diminuiu a escrita à mão, quase não reconhecia mais minha letra). Não escrevo diariamente, mas tenho colocado alguns pensamentos, angústias, expectativas, assim com fazia há 10 anos. Se não funcionar como auto-análise, já que as neuroses tendem a aumentar com o tempo, pelo menos vai servir, daqui a 10 anos, para eu dar boas gargalhadas como fiz semanas atrás.

segunda-feira, 10 de março de 2008

15 de agosto

Ainda restavam alguns vira-latas revirando o lixo na rua, um ou dois bebuns caídos entre os restos da festa e Bebeto continuava sozinho sentado no primeiro degrau da escadaria da igreja, onde há quatro horas a multidão se espremia para ver os fogos em homenagem à Nossa Senhora da Glória.
Aquela imagem causaria dó em qualquer cristão e Bebeto estava tão apiedado de si mesmo, que até as beatas que já estavam chegando para a missa das 7 tiveram consideração em reparar no seu sofrimento e fizeram o sinal da cruz.
Se lhe contassem essa história há uns meses atrás, como uma mera suposição, soltaria aquela gargalhada sacana, viraria o copo de cerveja e olharia para a primeira bunda que passasse pela sua frente, incrédulo.
Mas não era suposição, e a imagem de Marta aos beijos e, pior, de mãos dadas (coisa que ele nunca gostou de fazer) com outro cara foi arrasador para ele. Como? Se ela sempre comeu na minha mão? Como? Se mesmo depois das maiores sacanagens, ela sempre me perdoou? Ela me ama. Era só o que conseguia pensar.
Dormiu ali mesmo, sem forças que estava para ir a qualquer lugar. Dormiu e percebeu que estava tendo um pesadelo, não porque estava em um corpo estreanho, nem quando os fogos de artifícios caíam sobre a multidão causando pânico e correria, ou porque os cachorros famintos transformados em miseráveis se engalfinhavam por restos de comida, nem se tocou que era um pesadelo quando as beatas o exorcizaram no adro da igreja, mas sim quando viu Marta se aproximar com seu novo amor e lhe dizer: A verdade é que simplesmente não te quero mais. Aliás, nunca na vida fui tua.
Acordou e soube que não a veria mais.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Não cabe aqui

Eu nunca consigo falar com ela. Como uma pessoa em pleno século 21 não usa o celular? Pior é que ela até tem um celular, mas tá sempre desligado ou simplesmente não atende. Fora que troca de número quase toda semana, como se isso fizesse alguma diferença. Ela não atende mesmo.
Hoje é dia 7. Quer dizer que há 25 primaveras (verões na verdade, ou já estamos no outono?) estivemos juntas. Sempre no dela e no meu a gente se encontra, e ri, e fala besteira, e fala da vida, e sente saudade de estar mais juntas. Ah, e ela sempre chora quando me vê.
É aniversário dela, liguei e consegui falar. Por dois segundos, depois caiu a ligação, tentei de novo e só deu caixa postal. Rá.
Mas amanhã vou abraçar, dar beijo, rir, chorar, falar besteira e sentir saudade. Pessoalmente.
O que desejo para ela não cabe aqui, nem no celular. É muito maior. Ela sabe.

Colar Madreperola

R$ 19,00

Brinco Madrepérola

R$ 15,00

quinta-feira, 6 de março de 2008

Bem-vindo

Olá,
Bem-vindo ao Le Gusta.
Inauguro o blog com algumas bijus saídas do forno e um texto sobre iulusões românticas.
Este espaço pretende ser dinâmico, renovado a cada dia, por isso acesse regularmente, comente, critique.
As bijus podem ser encomendadas por aqui mesmo e são peças, por enquanto, exclusivas.
Então, fiquem à vontade. E como diriam umas amigas: Arrasa, nem!

A primeira ilusão romântica

Quando eu era criança passava as férias na fazenda do meu avô. De manhã cedo minha mãe colocava açúcar e chocolate na xícara e íamos para o curral pegar o leite direto da vaca. Uma cena muito romântica, a cerração baixa, frio de julho, crianças com galochas coloridas, a xícara colocada estratégicamente embaixo da teta e o leite morninho saído da vaca...Deve ser por isso que hoje tenho trauma de leite. Mas era muito romântico na época.
Na fazenda havia três cavalos, quer dizer, dois, o Baiano e a Pombinha, o terceiro na realidade era um burro. Seu nome: Burro Preto. Como éramos 3 crianças, meu primo, minha irmã e eu, a conta era perfeita. E como eu era a mais nova, é claro que o burro sobrava para mim.
O Baiano era de longe o melhor dos três, lindo, branco, esperto, veloz e meu primo, homem e mais velho nesta sociedade que privilegia o sexo masculino tomou o Baiano como seu. A Pombinha ficou com minha irmã, era branca como uma pomba, cega de um olho, e um tanto temperamental, de vez em quando surtava e não obedecia aos comandos da minha irmã. E o Burro Preto era meu. Eu o adorava. Era dócil, pacato, silencioso e obediente. Mas se precisasse correr para acompanhar os outros, não negava fogo.
Lembro de andar pela fazenda com meu primo e irmã, e como era ainda muito pequena (devia ter uns 5, 6 anos) precisava do Barnabé, um moleque da roça, para me acompanhar na garupa. A gente sempre ia cantando alguma música com tema rural. “Vamos de galope, de galope pra poder chegar, vamos de galope, de galope lá,lá,lá,lá,lá...”. A gente achava que a vida deveria ser como na Noviça Rebelde, o filme, de repente, pára tudo e entra a trilha sonora. Ah, as crianças.
Certa vez, caiu um temporal, já estava escurecendo, os lampiões acessos, pois não tínhamos luz elétrica e meu primo nada de voltar de um passeio a cavalo. Minha mãe desesperada, meu pai se preparando para ir atrás dele, quando de repente, ele surge em cima do cavalo branco correndo no meio do temporal, todo encharcado.
Pausa para imaginarem a cena.
Eu devia ter uns 6 anos nessa época e lembro perfeitamente de ter associado aquela imagem à velha frase clichê do príncipe que vem salvar a mocinha montado no cavalo branco.
Foi aí, aos 6 anos de idade, que tive minha primeira ilusão romântica. Pensei que meu primo fosse um príncipe.
Mal sabia eu que príncipes não existem, muito menos montados num cavalo branco. A tecnologia e a vida moderna acabaram com qualquer romantismo. Fui descobrir isso mais tarde.
Ao invés de príncipe, penso que o homem ideal deve ser como o meu bom e velho Burro Preto: dócil, silencioso e obediente. E quando precisar dele, que ele nunca negue fogo.

Brinco Pimentas

R$ 13,00

Brinco Moedas


R$ 15,00

Colar Correntes


R$ 24,00

Colar Pimentas


R$ 24,00

Colar Gotas



R$ 22,00

Colar Elefante


R$ 19,00