sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Enquanto isso


Não corro há séculos, chego até a arrepiar só de pensar em colocar um tênis e caminhar até o calçadão. Aliás, morando a um quarteirão da praia, faz uma data que não vejo a cor do mar. Tenho dado graças a Deus ao dias chuvosos e frios, que justificam por si só minha inércia. E nem dor na consciência tenho tido.

Tenho comido mal, tanta besteira, rodízio de pizza ou de carne é toda semana. Tenho sentido necessidade de comer um docinho como nunca. Refrigerante, coisa que nunca dei muita importância, tô quase viciada.

O resultado é claro, evidente, todo mundo pode ver. Tô engordando. Mas como me recuso a subir numa balança num sei quanto, e enquanto minhas roupas, apesar de um pouco atochadas, ainda me servirem acho que não vou me desesperar.

O curioso é que daqui a menos de um mês, estarei completando 29 anos, quase 30 minha gente!!! E eu que sempre tive uma certa preocupação em me manter bem (mais ou menos), estou cada vez menos desencanada. Não que eu não me preocupe, mas é que parece que estou envelhecendo menos paranóica com a estética e com todos esses padrões impostos pela cultura da mídia (hahaha, acabei de estudar pra prova de mestrado e estou cheia de conceitos da teoria da comunicação na cabeça, doida pra colocá-los em prática). Antigamente, lia todas aqueles revistas femininas com dietas para perder 5 quilos e receitas para ter o bumbum durinho em uma semana. Hoje em dia, morro de rir dessas revistas, acho tudo isso uma bobagem. E cada semana aparece um novo milagre para conquistar a aparência perfeita.

Confesso que o que mais tem passado na minha cabeça, enquanto devoro uma fatia de quindin (tem um maravilhoso no supermercado em frente a meu prédio), é envelhecer bem. Não quero ser uma daquelas velhinhas toda torta, curvada, que mal consegue se locomover. Tenho a total certeza de muito do que você é quando tem 60, 70 anos, depende de como a gente se comportou na juventude. Claro que existem as fatalidades, as doenças genéticas, mas muito vai depender da gente mesmo. E eu não sou daquelas pessoas que dizem que querem morrer cedo. Eu quero morrer velha, mas desde que tenha uma velhice boa, saudável.

Tenho certeza que todos os meus implulsos de me jogar no mundo vão desembocar em um único projeto fim, de dar adeus às luzes da cidade grande e me enfiar no meio do mato, numa casinha simples, colonial, com uma varanda grande onde vou passar as noites contado estrelas cadentes (ah, quantas estrelas cadentes já contei no o céu de Valença). Vou reunir meus netinhos nos finais de semana, fazer doces e guloseimas, costurar roupinhas fashions para as crianças, reunir os filhos no almoço de domingo, cuidar do jardim, da horta, pegar fruta no pé, ler muito, ver filmes, navegar na internet (vou ser uma velinha hightech, viu!). E quando a coisas ficarem meio monótonas, me inscrevo em alguma excurção junto com minhas amigas da terceira idade para alguma dessas cidades de águas termais.
Quando passar essa fase indolente que estou passando, e acho que a pressão dos 30 vai fazer passar, volto a correr, a fazer ioga ou alongamento (é o máximo que consigo) e a comer melhor. Mas até lá, e enquanto minha bunda ainda dá sinais de resistência à gravidade, vou ficar quietinha, me deliciando com o quindin e tomando refrigerante sempre que der vontade, e o melhor, sem um pingo de dor na consciência.

Nenhum comentário: