Yeah, what have I got?
Nobody can take away
I got my hair, I got my head
I got my brains, I got my ears
I got my eyes, I got my nose
I got my mouth, I got my smile
I got my tongue, I got my chin
I got my neck, I got my boobs
I got my heart, I got my soul
I got my back, I got my sex
I got my arms, I got my hands
I got my fingers, Got my legs
I got my feet, I got my toes
I got my liver, Got my blood
I've got life, I've got my freedom
I've got the life
I got a headache, and toothache,
And bad times too like you.
(Ain't got no - Nina Simone)
........
E a Festa da Glorinha foi até o sol raiar, como nos velhos tempos.
domingo, 9 de agosto de 2009
sábado, 30 de maio de 2009
Um brinde ao cansaço
Estive ontem no show da Cristina Buaque de Holanda e Terreiro Grande cantando Candeia.
Segundo Cristina, se dependesse da imprensa aquele seria um show secreto. Mas a casa estava lotada.
E, eu achei um privilégio estar ali por módicos R$3.
Apesar deste blog ser quase secreto, vai a dica, hoje a amanhã no teatro Nelson Rodrigues.
É Lindo!
Um brinde ao cansaço (Candeia)
Vamos brindar o cansaço
Meus amigos vamos brindar o cansaço
Este é o prêmio pra vitória do boêmio
Que bebeu de bar em bar o seu fracasso
Trago um trago pra saudade
Deixá-lo em paz
Mas o mundo lá de fora
Está sofrendo agora tanto como nós
Tentando encontrar amor
Que a minha voz não consegue cantar
Meus amigos vamos esquecer a saudade
E a tristeza que a vida nos pregou
Há um céu azul e branco de paz e amor
E esse céu é a Portela que Deus criou
Sua águia altaneira sobrevoa sua bandeira
A paz do céu também está no chão da terra
Da escola mais bela A minha querida Portela.
Segundo Cristina, se dependesse da imprensa aquele seria um show secreto. Mas a casa estava lotada.
E, eu achei um privilégio estar ali por módicos R$3.
Apesar deste blog ser quase secreto, vai a dica, hoje a amanhã no teatro Nelson Rodrigues.
É Lindo!
Um brinde ao cansaço (Candeia)
Vamos brindar o cansaço
Meus amigos vamos brindar o cansaço
Este é o prêmio pra vitória do boêmio
Que bebeu de bar em bar o seu fracasso
Trago um trago pra saudade
Deixá-lo em paz
Mas o mundo lá de fora
Está sofrendo agora tanto como nós
Tentando encontrar amor
Que a minha voz não consegue cantar
Meus amigos vamos esquecer a saudade
E a tristeza que a vida nos pregou
Há um céu azul e branco de paz e amor
E esse céu é a Portela que Deus criou
Sua águia altaneira sobrevoa sua bandeira
A paz do céu também está no chão da terra
Da escola mais bela A minha querida Portela.
sábado, 23 de maio de 2009
Elvis continua o mesmo
Olha isso:
http://www.youtube.com/watch?v=q04_ClDxRsk
e isso
http://www.youtube.com/watch?v=Y00vd5HM_08
E eu continuo sendo a única pessoa que não sabe adicionar vídeos...
http://www.youtube.com/watch?v=q04_ClDxRsk
e isso
http://www.youtube.com/watch?v=Y00vd5HM_08
E eu continuo sendo a única pessoa que não sabe adicionar vídeos...
terça-feira, 19 de maio de 2009
Criança aprende rápido
Homem bêbado em final de churrasco resolve se apoiar no braço de uma tenda - essas de lona, cujos pés não são fixos - já que seu corpo começa a apresentar dificuldades em se manter em pé sozinho. Foi aí que tenda e o homem desmontam em câmera lenta em direção ao chão. Risos e piadas generalizadas. Outros homens tão bêbados quanto começam um ritual sem fim de sacanear o bêbado tombado, que só respondia com um sonoro “Fooooda-se!” às piadas. Importante ressaltar que não se trata de qualquer foda-se, se você não é do interior dificilmente vai saber. Um foda-se com uma sonoridade caipira, tipo aquele “Ôooopa!”, que se solta quando se encontra um caboclo na estrada de chão rumo à fazenda, saca! Era um “Foouuuda-se!” engraçado, que se repetia após cada comentário sacana.
No mesmo dia à noite, após o churrasco, criança de 8 anos, é repreendida por adulto chato, insistindo para que tome banho antes de dormir.
- Leo, vc não vai dormir sem tomar banho, hein?
- Foooouuuda-se!
-----------
No dia seguinte, adulto pede para duas crianças, Leo (8 anos) e Mateus (9), irem ao bar comprar alguma besteira. Na volta deixou o troco para os dois, 6 reais. Uma nota de R$5 e uma moeda de R$1.
- Podem dividir o troco entre vocês, três reais para cada.
Os dois se entreolharam, tentaram distribuir a nota e a moeda ficando cada um com uma, mas logo perceberam que alguém estava em desvantagem nesta divisão, afinal era uma nota de 5 e uma moeda de 1.
Após alguns minutos tentando dividir o troco, passa moeda pra um, o outro quer a nota...até que vem a solução!
- Vamo voltar lá no bar e comprar um picolé pra cada um, Mateus!
No mesmo dia à noite, após o churrasco, criança de 8 anos, é repreendida por adulto chato, insistindo para que tome banho antes de dormir.
- Leo, vc não vai dormir sem tomar banho, hein?
- Foooouuuda-se!
-----------
No dia seguinte, adulto pede para duas crianças, Leo (8 anos) e Mateus (9), irem ao bar comprar alguma besteira. Na volta deixou o troco para os dois, 6 reais. Uma nota de R$5 e uma moeda de R$1.
- Podem dividir o troco entre vocês, três reais para cada.
Os dois se entreolharam, tentaram distribuir a nota e a moeda ficando cada um com uma, mas logo perceberam que alguém estava em desvantagem nesta divisão, afinal era uma nota de 5 e uma moeda de 1.
Após alguns minutos tentando dividir o troco, passa moeda pra um, o outro quer a nota...até que vem a solução!
- Vamo voltar lá no bar e comprar um picolé pra cada um, Mateus!
sábado, 25 de abril de 2009
Pessoa
Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há idéias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.
Falas de civilização, e de não dever ser,
Ou de não dever ser assim.
Dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos,
Com as coisas humanas postas desta maneira.
Dizes que se fossem diferentes, sofreriam menos
Dizes que se fossem como tu queres, seria melhor.
Escuto sem te ouvir.
Para que te quereria eu ouvir?
Ouvindo-te nada ficaria sabendo.
Se as coisas fossem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.
Se as coisas fossem como tu queres, seriam só como tu queres.
Ai de ti e de todos que levam a vida
A querer inventar a máquina de fazer felicidade!
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há idéias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.
Falas de civilização, e de não dever ser,
Ou de não dever ser assim.
Dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos,
Com as coisas humanas postas desta maneira.
Dizes que se fossem diferentes, sofreriam menos
Dizes que se fossem como tu queres, seria melhor.
Escuto sem te ouvir.
Para que te quereria eu ouvir?
Ouvindo-te nada ficaria sabendo.
Se as coisas fossem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.
Se as coisas fossem como tu queres, seriam só como tu queres.
Ai de ti e de todos que levam a vida
A querer inventar a máquina de fazer felicidade!
terça-feira, 14 de abril de 2009
Feriado em Valença. Revival total. Com amigas de infância que há um tempo não se encontram na terrinha, uma vez que todas já não vivem lá. Tudo muito diferente. A cidade não é mais a mesma e as pessoas também não. Nem nós somos mais a mesmas. Mas estávamos lá, juntas como havia sido durante a infância e adolescência. Bons tempos. Não somos mais as mesmas é verdade, mas muito pouca coisa mudou entre nós. O que nos falta é tempo para sermos de novo o que sempre fomos. Mas a vida da cidade grande é foda mesmo. É sempre a mesma história. “Vamos combinar de encontrar”. E nada. Mas percebo movimentos reais para fazer diminuir a distância. É que uma hora a gente sente falta da nossa história, da nossa origem, da nossa raiz. E a gente sabe que a gente é isso hoje, porque estivemos juntas um dia, construindo juntas nosso caráter, nosso jeito de ser. É hora de resgatar isso tudo, e não poderia ser em outro lugar.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Promoção
Sei não. Hoje na cidade, tinha um camelô aos berros sem parar um minuto: “Toblerone só doreal! Só na minha mão! Tá acabando! Vai ai? Vai aí?”
Um escândalo. E o pior que tava dando certo. Povo gosta de uma promoção. Não quer nem saber de quê, já vai juntado em cima.
Um escândalo. E o pior que tava dando certo. Povo gosta de uma promoção. Não quer nem saber de quê, já vai juntado em cima.
Eu pelo menos pensei um pouco antes.
Ok, Toblerone é o melhor chocolate que existe. E do jeito que tem gente em volta do cara, deve estar saindo barato mesmo esses 2 reais!.
- Moço, me vê um aí!
- Tá na mão.
Na minha mão que fui ver que o tal do Toblerone não era do grande (100g), que a gente costuma ver por aí, mas a metade dele 50g.
Tarde demais. Já tinha feito propaganda pro pessoal do trabalho e todo mundo correu. Ninguém queria ficar fora dessa.
Mas como me dei conta de que meu Toblerone sofria de inanição, comecei a questionar a tal promoção. Será que levei alguma vantagem nesta história?
Ok, Toblerone é o melhor chocolate que existe. E do jeito que tem gente em volta do cara, deve estar saindo barato mesmo esses 2 reais!.
- Moço, me vê um aí!
- Tá na mão.
Na minha mão que fui ver que o tal do Toblerone não era do grande (100g), que a gente costuma ver por aí, mas a metade dele 50g.
Tarde demais. Já tinha feito propaganda pro pessoal do trabalho e todo mundo correu. Ninguém queria ficar fora dessa.
Mas como me dei conta de que meu Toblerone sofria de inanição, comecei a questionar a tal promoção. Será que levei alguma vantagem nesta história?
Resolvi investigar.
Entrei na Americanas.com. E estava lá. Toblerone 100g = R$ 9,50.
Regra de 3. Se o 100g sai a 9,50, o de 50g sai a....(tempo pra calculadora) R$4,75.
Se eu paguei 2 reais no meu Toblerone, uhuuu, tô no lucro.
Vou voltar lá e fazer a festa.
Páscoa ta aí , todo mundo vai ganhar Toblerone no domingo.
Quem sabe acima de 5, o cara num faz mais um desconto?
segunda-feira, 16 de março de 2009
Sexta-feira 13
Então era sexta-feira.
E o mundo caiu no Rio de Janeiro.
Na hora do rush.
Sorte que tinha acabado de chegar em casa.
Chuva em plena sexta-feira à noite é foda.
E eu tinha um aniversário pra ir.
Mas teria que ir sozinha.
Um fator desestimulante.
Mas era aniversário de uma pessoa bem legal do meu trabalho.
Mas não tinha tanta intimidade com as pessoas.
Amigos novos do trabalho.
Mas aí é bom que faz intimidade na marra.
Mas dá uma insegurança.
Detesto me sentir deslocada.
Mas o lugar, dizem, era bem legal.
Mas eu teria que ir de sozinha e num sei bem onde é.
Mas imagino.
E de táxi é fácil.
Mas eu sempre penso que taxista é tarado.
Mas isso é viagem da minha cabeça.
Se parar de chover, eu vou.
Parou.
Vou ligar.
Se as meninas que eu combinei de encontrar atenderem, eu vou.
Não atenderam.
É, vou ficar.
Telefone toca.
“Oi Lelê, vc vem?”
Adoro quando me chamam de Lelê.
Era a aniversariante.
“Vou sim! Claro, querida!”
Fui.
E foi muito legal.
Não me senti deslocada momento algum.
Sambei até de manhã.
O Moacir Luz não foi, mas confesso que nem senti falta.
Tinha brigadeiro com castanha e bolo.
O taxista da ida foi ótimo, o da volta foi estranho.
Mas cheguei em casa viva.
Sexta-feira 13 que começou bem esquisita, terminou surpreendentemente bem.
E o mundo caiu no Rio de Janeiro.
Na hora do rush.
Sorte que tinha acabado de chegar em casa.
Chuva em plena sexta-feira à noite é foda.
E eu tinha um aniversário pra ir.
Mas teria que ir sozinha.
Um fator desestimulante.
Mas era aniversário de uma pessoa bem legal do meu trabalho.
Mas não tinha tanta intimidade com as pessoas.
Amigos novos do trabalho.
Mas aí é bom que faz intimidade na marra.
Mas dá uma insegurança.
Detesto me sentir deslocada.
Mas o lugar, dizem, era bem legal.
Mas eu teria que ir de sozinha e num sei bem onde é.
Mas imagino.
E de táxi é fácil.
Mas eu sempre penso que taxista é tarado.
Mas isso é viagem da minha cabeça.
Se parar de chover, eu vou.
Parou.
Vou ligar.
Se as meninas que eu combinei de encontrar atenderem, eu vou.
Não atenderam.
É, vou ficar.
Telefone toca.
“Oi Lelê, vc vem?”
Adoro quando me chamam de Lelê.
Era a aniversariante.
“Vou sim! Claro, querida!”
Fui.
E foi muito legal.
Não me senti deslocada momento algum.
Sambei até de manhã.
O Moacir Luz não foi, mas confesso que nem senti falta.
Tinha brigadeiro com castanha e bolo.
O taxista da ida foi ótimo, o da volta foi estranho.
Mas cheguei em casa viva.
Sexta-feira 13 que começou bem esquisita, terminou surpreendentemente bem.
quinta-feira, 5 de março de 2009
Enchi o saco!
Todo dia pela manhã, antes de levantar, fico despreguiçando na cama com a TV ligada no programa da Ana Maria Braga.
É verdade!
Adoro assistir programas de culinária. Nigela, adoro! O loirinho gringo que esqueci o nome já gostei mais, agora está muito showman. Pra você ter uma idéia, sou do tempo da Cozinha Maravilhosa da Ofélia, essa sim era cozinheira de verdade.
Assisto porque gosto de cozinhar, embora não cozinhe tão bem quanto gostaria, mas engano bem. Ontem mesmo fiz um frango com quiabo que ficou bem gostoso! E tudo que sei de cozinha devo a esses programas. Minha mãe sempre trabalhou fora e nunca teve tempo pra me ensinar a fazer um arroz.
Isso tudo pra dizer que assisto Ana Maria Brega enquanto acordo e enquanto me arrumo pro trabalho. Mas de uns tempos pra cá, a dona do papagaio cismou que aquilo lá é lugar pra fazer jornalismo.
Quem me conhece sabe que tenho uma relação masoquista com a TV. É muito comum me pegarem aos berros com algum apresentador de televisão incompetente, ator de novela imbecil, ou jornalista vendido. Tenho consciência que poderia desligar a TV, mas é uma relação masoquista, já disse.
O fato é que hoje cortei relação com a ilustre apresentadora do programa matinal. Não dá! Chegou no limite.
Eu a agüentei falando sem parar durante o seqüestro pelo namorado da menina lá em São Paulo; entrevistando in loco, de galocha, uma mulher que tinha acabado de perder a família em Santa Catarina durante a catástrofe da enchente; e chorando junto com os pais do João Hélio no estúdio da Globo (neste dia, confesso que desliguei a tv).
Mas hoje enchi o saco.
Não é que ela levou ao ar, ao vivo, o advogado que teve o carro roubado – carro importado, diga-se de passagem - e depois empurrado de um penhasco por assaltantes?
(Pra quem não acompanhou, o penhasco nem me pareceu tão alto assim, uma vez que a namorada caiu e não sofreu grandes danos e o advogado ficou agarrado em uma árvore, sofrendo alguns arranhões).
Estava ela lá, com o peito cheio de indignação, dizendo ao espectador que nem nos piores pesadelos poderia imaginar uma situação dessas.
E eu lá ouvindo tudo em silêncio.
Foi aí - com a foto dos bandidos ao fundo, todos negros e raquíticos - que ela soltou a pergunta padrão, que esses apresentadores e jornalistas a serviço da mídia espetacular insistem em fazer quando riquinhos sofrem algum tipo de agressão nesta “selva” de Rio de Janeiro, cercada por favelas e favelados, negros, famintos, insanos e perigosos.
- Você pensa em sair do país?
- Porra, meirmão. Tomá no cú! Sair do país é o caralho!, berrei.
Essa mulher precisa dar uma voltinha ali na baixada, no alemão, na maré. Lá minha filha, morre um monte de gente inocente, em contextos piores do que este, mas ninguém convida a família para ir a nenhum programa de televisão ao vivo.
Casos iguais ao do João Hélio – morte de uma criança, seja arrastada ou por bala perdida durante tiroteio - acontecem todo dia, mais de uma vez ao dia se bobear, só que não foi lá na Tijuca, bairro classe média, ou em Ipanema, mas na porta de casa em uma favela qualquer.
Cadê o espaço dessas pessoas na TV para derramar seu sofrimento para nós espectadores solidários? Não tem, né?
Quando essas pessoas aparecem na TV, aparecem em bando, fechando rua em protesto, levantando cartazes. Nenhuma mãe pobre vai ao programa da Ana Maria, ou qualquer outro, para contar tintin por tintin, como fez o advogado - ou os pais do João Hélio - o drama da sua história.
O caso do advogado sensibilizou a loura, porque poderia ter sido com ela, ou com o público classe média do seu programa. A enchente de Santa Catarina atingiu gente com a gente, que tem casa, carro e perdeu tudo, poderia ter sido um de nós. A morte do João Hélio, significou a morte de um filho, que poderia ser dela, seu ou meu.
A dor da mulher podre, é só a dor do outro. A dor de um outro sem rosto, misturado entre outros, todos pobres, moradores de favela, pessoas nada confiáveis, vizinhos ou amigos de bandidos, negros e drogados, como todos na favela, como os homens que assaltaram o advogado.
Para essas pessoas a apresentadora não poderia fazer a originalíssima pergunta. Primeiro porque elas não teriam condições nem de sair da favela e, segundo, porque nem iriam querer sair de lá. O que eles querem é segurança no local onde vivem, que também não é só violência, bandido e tiroteio.
O advogado alegou não ter condições de sair do país, senão o faria. Estava lá para pedir segurança. Pediu que bandidos como estes não circulem por aí assaltando inocentes, que a polícia seja mais ostensiva protegendo os cidadãos que pagam seus impostos.
Eu peço por políticas de segurança pública, que impeçam que meninos cresçam e se tornem bandidos, para que não assaltem ninguém. Desejo que a polícia seja treinada tendo como princípio a garantia dos direitos humanos, que deixe de ser sócias dos traficantes num momento – fornecendo armas e recebendo propina - e que, no seguinte, invada a favela soltando tiro pra tudo quanto é lado, matando crianças inocentes.
A dor do advogado é legítima, mas, por favor, não me empurre a história dele com lágrimas nos olhos, porque eu conheço histórias muito mais pesadas, e essas, não vi na Globo.
E sair do país é o caralho, Ana Maria!
É verdade!
Adoro assistir programas de culinária. Nigela, adoro! O loirinho gringo que esqueci o nome já gostei mais, agora está muito showman. Pra você ter uma idéia, sou do tempo da Cozinha Maravilhosa da Ofélia, essa sim era cozinheira de verdade.
Assisto porque gosto de cozinhar, embora não cozinhe tão bem quanto gostaria, mas engano bem. Ontem mesmo fiz um frango com quiabo que ficou bem gostoso! E tudo que sei de cozinha devo a esses programas. Minha mãe sempre trabalhou fora e nunca teve tempo pra me ensinar a fazer um arroz.
Isso tudo pra dizer que assisto Ana Maria Brega enquanto acordo e enquanto me arrumo pro trabalho. Mas de uns tempos pra cá, a dona do papagaio cismou que aquilo lá é lugar pra fazer jornalismo.
Quem me conhece sabe que tenho uma relação masoquista com a TV. É muito comum me pegarem aos berros com algum apresentador de televisão incompetente, ator de novela imbecil, ou jornalista vendido. Tenho consciência que poderia desligar a TV, mas é uma relação masoquista, já disse.
O fato é que hoje cortei relação com a ilustre apresentadora do programa matinal. Não dá! Chegou no limite.
Eu a agüentei falando sem parar durante o seqüestro pelo namorado da menina lá em São Paulo; entrevistando in loco, de galocha, uma mulher que tinha acabado de perder a família em Santa Catarina durante a catástrofe da enchente; e chorando junto com os pais do João Hélio no estúdio da Globo (neste dia, confesso que desliguei a tv).
Mas hoje enchi o saco.
Não é que ela levou ao ar, ao vivo, o advogado que teve o carro roubado – carro importado, diga-se de passagem - e depois empurrado de um penhasco por assaltantes?
(Pra quem não acompanhou, o penhasco nem me pareceu tão alto assim, uma vez que a namorada caiu e não sofreu grandes danos e o advogado ficou agarrado em uma árvore, sofrendo alguns arranhões).
Estava ela lá, com o peito cheio de indignação, dizendo ao espectador que nem nos piores pesadelos poderia imaginar uma situação dessas.
E eu lá ouvindo tudo em silêncio.
Foi aí - com a foto dos bandidos ao fundo, todos negros e raquíticos - que ela soltou a pergunta padrão, que esses apresentadores e jornalistas a serviço da mídia espetacular insistem em fazer quando riquinhos sofrem algum tipo de agressão nesta “selva” de Rio de Janeiro, cercada por favelas e favelados, negros, famintos, insanos e perigosos.
- Você pensa em sair do país?
- Porra, meirmão. Tomá no cú! Sair do país é o caralho!, berrei.
Essa mulher precisa dar uma voltinha ali na baixada, no alemão, na maré. Lá minha filha, morre um monte de gente inocente, em contextos piores do que este, mas ninguém convida a família para ir a nenhum programa de televisão ao vivo.
Casos iguais ao do João Hélio – morte de uma criança, seja arrastada ou por bala perdida durante tiroteio - acontecem todo dia, mais de uma vez ao dia se bobear, só que não foi lá na Tijuca, bairro classe média, ou em Ipanema, mas na porta de casa em uma favela qualquer.
Cadê o espaço dessas pessoas na TV para derramar seu sofrimento para nós espectadores solidários? Não tem, né?
Quando essas pessoas aparecem na TV, aparecem em bando, fechando rua em protesto, levantando cartazes. Nenhuma mãe pobre vai ao programa da Ana Maria, ou qualquer outro, para contar tintin por tintin, como fez o advogado - ou os pais do João Hélio - o drama da sua história.
O caso do advogado sensibilizou a loura, porque poderia ter sido com ela, ou com o público classe média do seu programa. A enchente de Santa Catarina atingiu gente com a gente, que tem casa, carro e perdeu tudo, poderia ter sido um de nós. A morte do João Hélio, significou a morte de um filho, que poderia ser dela, seu ou meu.
A dor da mulher podre, é só a dor do outro. A dor de um outro sem rosto, misturado entre outros, todos pobres, moradores de favela, pessoas nada confiáveis, vizinhos ou amigos de bandidos, negros e drogados, como todos na favela, como os homens que assaltaram o advogado.
Para essas pessoas a apresentadora não poderia fazer a originalíssima pergunta. Primeiro porque elas não teriam condições nem de sair da favela e, segundo, porque nem iriam querer sair de lá. O que eles querem é segurança no local onde vivem, que também não é só violência, bandido e tiroteio.
O advogado alegou não ter condições de sair do país, senão o faria. Estava lá para pedir segurança. Pediu que bandidos como estes não circulem por aí assaltando inocentes, que a polícia seja mais ostensiva protegendo os cidadãos que pagam seus impostos.
Eu peço por políticas de segurança pública, que impeçam que meninos cresçam e se tornem bandidos, para que não assaltem ninguém. Desejo que a polícia seja treinada tendo como princípio a garantia dos direitos humanos, que deixe de ser sócias dos traficantes num momento – fornecendo armas e recebendo propina - e que, no seguinte, invada a favela soltando tiro pra tudo quanto é lado, matando crianças inocentes.
A dor do advogado é legítima, mas, por favor, não me empurre a história dele com lágrimas nos olhos, porque eu conheço histórias muito mais pesadas, e essas, não vi na Globo.
E sair do país é o caralho, Ana Maria!
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Quem sabe ano que vem
O carnaval apontava longe
Eu estava mesmo era afim de mudar de assunto
Sair de fininho, me esconder embaixo dos fios brancos
Eu estava mesmo era afim de mudar de assunto
Sair de fininho, me esconder embaixo dos fios brancos
O carnaval foi chegando
E não é que comecei a prestar atenção?
Mascaras, flores, freiras, saara e confetes
O carnaval me arrebatou!
Ufa! Ainda bem!
Não foi desta vez
A velhice não me pegou.
Fica pra próxima, quem sabe ano que vem.
Fica pra próxima, quem sabe ano que vem.
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