domingo, 15 de junho de 2008

Conversa alheia

Existem duas coisas que faço bem sozinha. Ir ao cinema e ir à praia.
O primeiro aconteceu porque todos os filmes que eu tinha vontade de ver não batiam com os que minhas companhias quriam. Se iam sob minha influência, saiam do cinema falando mal do filme. Chegou um belo dia que desisti. Passeia a ir sozinha e os problema acabaram. Podia escolher o horário, filme, cinema, tudo, sem ninguém pra dar pitaco. (Saudade do Cine Jóia, um pulgueiro, mas não me lembro de um filme ruim que tenha assistido lá...)
Quanto a ir à praia sozinha, tinha esquecido o quanto era bom. Há muito tempo que não ia à praia (mesmo estando a uma quadra de lá), muito menos sozinha. Chegando lá lembrei que a tática é sentar perto de um grupinho simpático. Aí é só se ajeitar na canga, fingir que está distraída admirando o mar e ficar de butuca na conversa alheia.
Adoro! Até quando estou acompanhada, me pego participando mais do papo ao lado do que da conversa da galera.
Hoje, o assunto da praia foi cinema. Um senhor se juntou ao grupo de duas senhoras, uma moça e um rapaz e disse que adorou Sex and the City – O filme. Confesso que até então estava entretida com meu livro, mas quando ouvi a frase parei tudo e acompanhei.
A moça, cheia de preconceitos, disse que não foi ver porque não suporta a série. “As mulheres só falam de homem. E tinha uma delas que era lésbica, ainda por cima...” Com cara de nojo. Ora, se eu pudesse, entrava na conversa e diria pra essa garota que ela tá totalmente por fora.
Além das quatros meninas da série não falarem só de homens, falam também de sapatos, bolsas, carreira, independência financeira, afeto, amizade, insegurança, carência afetiva, sexo, falta de sexo, maternidade, enfim, um monte de coisas sobre o universo feminino, com um toque, admito, de fantasia. Mas, qualquer olhar menos superficial poderia perceber isso. Além do mais, a Samantha, foi lésbica sim, mas durante um curto período da série, e sua namorada foi nada mais nada menos do que Sônia Braga, minha filha, interpretando uma artista plástica brasileira chiquérrima. Você deveria estar feliz pelo Brasil estar sendo representado de outra forma que não as estereotipadas, que estamos cansadas de ver por aí. Nos outros 98% da série, Samantha foi um ninfomaníaca, tarada por homens. O que prova a superficialidade de sua crítica. E mesmo que fosse lésbica, não é preconceito demais desgostar de uma série só por causa da opção sexual da personagem?
Não precisei me manifestar, porque o senhor disse tudo.
“Todo homem tinha que prestar atenção em conversa de mulher. Aquelas meninas são terríveis”.
Obrigada, tio. Não assisti ao filme ainda por pura falta de tempo. Por causa de você vou assistir essa semana sem falta!

Um comentário:

Anônimo disse...

ouvir conversa é sempre bom. Na fila do banco, na feira, praia, nos botecos, etc.

distrai, faz agente ver como anda o pensamento do senso comum, e acima de tudo nos diverte...rsrs